Noite de sexta-feira 13 com alguns percalços a fazerem jus à data e com isso a prejudicarem, de certa forma, um concerto que parecia ter tudo para correr bem. Uma boa sala, duas grandes bandas do nosso – chamado – undergound, sendo que uma delas, os The Voynich Code, até tinham lançado um novo álbum nesse mesmo dia.
Quem se encontrava no exterior começou a perceber que algo de errado se estava a passar. Os The Year estavam anunciados para as 22h20, mas às 23h00 as portas não tinham sido sequer abertas. De forma muito apressada – e todos sabemos como ela é inimiga da perfeição -, a banda lá iniciou a sua atuação pelas 23h10. Logo após a intro e o primeiro tema, “Slaves´r´us”, uma corda de uma das guitarras partiu-se, obrigando à sua substituição, o que levou o vocalista João a ter de encetar uma longa conversa com o público que acorreu naquela noite ao Village Underground. Ficamos a saber então que a sua indumentaria era um pijama (com um esqueleto estampado), algo a que ele não resistiu comprar para aquela noite. Problemas resolvidos e os The Year avançaram para um concerto à sua imagem, com total entrega de todos os cinco elementos. Metalcore melódico com temas mais antigos, daqueles que se tornam obrigatórios e que fazem a assistência cantar com a banda, mas onde não faltou “F.O.M.O.”, a sua mais recente música. “Release Me” encerrou uma atuação que, apesar de tudo foi muito positiva.
Insomnia, o novo álbum dos The Voynich Code era o mote para este concerto (e também para o do dia seguinte, em Leiria). Com uma setlist que visava apresentar este novo trabalho, a banda começou mesmo por aí, interpretando dois temas de Insomnia (três se incluirmos a intro), onde não faltou “A Flicker of Life”, antes de mergulhar em músicas mais antigas. Sempre com muito fumo em palco – talvez demasiado-, o vocalista Nelson não se cansou de puxar pelo público e até os novos temas não pareciam ser novidade, sendo muito bem recebidos. O deathcore destes lisboetas tem conquistado adeptos, o que não é de estranhar se tivermos em consideração os palcos que têm pisado. Hoje, o público era em número mais modesto, mas a sua satisfação era percetível na forma como cantavam os temas, como se mexiam ao seu ritmo e até pelos circle pits que se formaram ao longo da atuação. Todo o tempo perdido antes do início deste evento tinha de ser recuperado, o que significou alguns cortes nos temas que estavam planeados para esta noite. Na altura de decidir a banda optou, e bem, por voltar a Insomnia, mais precisamente com “A Letter to My Future Self”, que desconfio que venha a fazer parte de muitos mais concertos dos The Voynich Code. O tempo estava mesmo espremido ao máximo, mas ninguém parecia querer arredar pé sem ouvir “The Others”. O público exigiu, a banda respondeu à altura.
Duas atuações enérgicas - de duas bandas que não o sabem fazer de outra forma -, acabaram por fazer esquecer os contratempos que levaram a que este evento tivesse início muito depois da hora, colocando uma pressão enorme sobre todos os músicos que travaram uma autêntica luta contra o tempo.
Texto por António Rodrigues
Fotografia por Sabena Costa
Agradecimentos: The Voynich Code