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Reportagem: Soen, Molybaron e Terra @ L.A.V. - Lisboa Ao Vivo - 05.10.2023


O presente mês de outubro adivinha-se profícuo em grandes espetáculos. Só no Lisboa Ao Vivo, decorreriam em simultâneo Soen (sala 2) e o Lisbon Tattoo Rock Fest (sala 1). À chegada ao recinto, a fila estava muito bem composta, indicativa de que a sala 2 iria estar muito bem composta. A entrada fez-se de forma célere e todos os horários dos espetáculos foram minuciosamente cumpridos.

Quando os italianos Terra subiram ao palco, a sala já estava a mais de metade da sua capacidade. Apesar de apenas contarem com um álbum de originais, a sua sonoridade é bastante interessante, misturando rock pesado QB, com elementos mais alternativos, folclóricos e tribais. Arrancaram o seu primeiro espetáculo em Portugal com "Create, Mutate, Erase" e para surpresa de muito dos presentes, o vocalista surgiu atrás da sua bateria. A performance segura e a execução exímia dos seus temas foi, a pouco e pouco, conquistando o público que, de forma algo tímida, foi reagindo aos temas com aplausos. "This Scent", recolheu a melhor reação dos presentes, pelo menos até à inesperada cover de "Teardrop" dos Massive Attack. Daniele "Zed" Berretta, foi interagindo qb com o público e agradeceu a oportunidade de estarem presentes no nosso país e fazerem parte da Memorial Tour. Apesar de se notar que a audiência não era muito - ou quase nada - conhecedora dos Terra e da sua sonoridade, não impediu que após o outro tribal, que encerrou o espetáculo - unicamente tocado com instrumentos de precursão pelos 4 membros dos Terra - o público demonstrou que gostou muito do que foi apresentado pelos italianos. Os Terra contam com cerca de 9 anos de atividade e têm um enorme potencial a ser explorado. Belíssima escolha para iniciar esta noite.

Seguiram-se os franceses Molybaron, donos de uma sonoridade mais musculada e dinâmica que os Terra, com uma mistura de metal alternativo, elementos progressivos e algum groove. Iniciaram o espetáculo com "Something Onmius", tema-título do seu mais recente disco, editado este ano, que recolheu tímidos aplausos. Após uma pequeníssima pausa para agradecimentos aos Soen e aos Terra, seguiu-se "Set Alight". Dado terem um som mais musculado e mais groovy, permitiu também uma maior dinâmica em palco, o que beneficia o espetáculo e acaba por contagiar o público. À semelhança do que ocorreu com Terra, os presentes foram, de forma progressiva, acompanhando os temas com palmas. Gary Kelly terá mesmo pedido ao público que na música "Twenty Four Hours", estes batessem palmas e saltassem, algo que foi correspondido. "Animals" e "Something for The Pain" também beneficiaram de uma ajuda extra por parte do público, que acompanhou Gary, cantando o refrão. Após uma pequena pausa para medir o pulso ao público, Gary perguntou aos presentes se se estavam a divertir e, sem perder muito tempo, arrancou com "Vampires". Ouviu-se então um último apelo por parte do vocalista, para "aquecer ainda mais o espaço para receber os Soen", terminando a sua atuação com "Incognito", do primeiro álbum de originais. Era notório que os Molybaron estavam muito satisfeitos por estarem ali e isso notou-se na sua performance e entrega. Gary e Florian Soum foram os elementos que mais percorreram o palco e mais interagiam com os presentes. Atuação muito competente e satisfatória para ambas as partes.


Após uma pausa para repor energias e preparar o palco, era então tempo de receber os cabeças de cartaz. O poema de Dylan Thomas "Do not go gentle into that good night" precedeu "Sincere", extraído do recente "Memorial". Pela ovação do público, foi por demais evidente a ânsia existente naquela sala. Muitas palmas, muitos telemóveis no ar marcaram a fase inicial da atuação. Apesar de "Memorial" ter sido editado há pouco mais de 1 mês, os fãs demonstraram já saberem bem as letras dos seus temas. Joel Ekelöf pediu a todos "hoje têm de nos provar o porquê de Lisboa ser considerada a capital do país!". Não estou certa se esta afirmação serviu como motivação extra ou não, mas o refrão de "Martyrs" foi cantado em uníssono pelos fãs, de forma arrepiante. Seguiu-se um belíssimo solo do baixista Olekssi Kobel e era então "Savia" que se adivinhava. Era patente no rosto dos músicos, a satisfação por este regresso a Lisboa. Após a apresentação do tema-título do novo álbum, "Memorial", foi feita a ressalva por parte de Joel de que "isto é um concerto de Metal e sabem bem que não é para dançar, mas podem fazê-lo" e seguiu-se "Lascivious". O à vontade e entrega total dos músicos era bem notória e tudo fluía de forma perfeita. O solo de guitarra de Lars deu o mote para "Unbreakable", que fora cantada a plenos pulmões, assim como em "Deciever". Seguiu-se um momento mais calmo e intimista com "Ideate", sendo que depois foram tocadas "Monarch" e "Fortress". "Illusion" e "Lotus" foram dois dos momentos altos da noite, brilhantemente cantadas por todos. No habitual encore, houve tempo para mais 3 músicas: "Antagonist", "Jinn" (escolhida pelo público) e a mais recente "Violence". 

Este foi um concerto memorável por parte do grupo sueco, que tem crescido e evoluído a olhos vistos. O novo álbum conta com temas mais diretos e vocalizações mais ousadas, tendo resultado muito bem ao vivo! É ingrato tentar definir pontos altos, num concerto deste calibre, visto que a entrega e ligação entre o público e da banda, foi incrível. 


Texto por Diana Fernandes
Fotografia por Paulo Jorge Pereira
Agradecimentos: Free Music Events