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Reportagem: Riverside e Lesoir @ LAV, Lisboa – 11.10.2023


Mais um concerto em dose dupla neste regresso dos Riverside a Portugal. Depois de tocarem no Porto, na véspera, eis que a banda polaca chega à capital, para um espetáculo na sala LAV. A fazer-lhes companhia nesta ID.Entity tour estão os Lesoir, neerlandeses que tocam um rock sinfónico muito interessante.

Ainda a viverem muito do seu mais recente álbum, Mosaic, os Lesoir apresentam uma sonoridade que é o resultado dos inúmeros instrumentos que tocam. Todos os seus elementos são multifacetados e isso ficou provado em palco, nomeadamente com a vocalista Martjee, que para além de cantar, ainda tocou flauta transversal, sintetizador, guitarra acústica e também elétrica. O momento alto da atuação dos Lesoir foi a instrumental, “Dystopia”, a fazer lembrar Pink Floyd, perdoem-me a comparação. Houve ainda oportunidade para uma versão mais curta de “Babel”, antes de os Lesoir aprenderem a dizer “I Love You” em português e se despedirem do público português ao som de “Two Faces”, nesta que foi a sua primeira passagem por terras lusas.

Noite especial para os amantes do chamado prog. Mais uma visita dos Riverside ao nosso país, mais uma sala repleta de público. Foram necessários cinco anos para que a banda de Mariusz Duda voltasse a tocar em Portugal, mas a espera foi recompensada com um grande concerto. Esta ID.Entity tour assenta sobre o último trabalho e a banda não se escusou a tocar temas nele inseridos. Mas primeiro era preciso fazer uma passagem pelos álbuns que cimentaram o nome dos Riverside como uma das melhores bandas do género. “#Addicted” e “02 Panic Room” conquistaram de imediato o público, abrindo caminho para os já referidos temas mais recentes como: “Landmine Blast” e “Big Tech Brother”, que, segundo a banda, pretendem mostrar uns novos Riverside, virados para o futuro e distanciados de bandas como Dream Theater ou Katatonia. 

Algo que a banda polaca diz apreciar muito nos seus espetáculos é a interação com o público, tornando-o como que o quinto elemento. Eles mostraram como fazê-lo em “Left Out” e todos os presentes na sala alinharam. Mariusz confessou também que outra das coisas que os Riverside gostam de fazer nos seus concertos passa por adicionar a algumas músicas, excertos de outras, esperando que os verdadeiros fãs reconheçam essa espécie de ovos da Páscoa que a banda semeia nos seus temas. Fizeram-no em “Post- Truth” e também na ponta final do concerto. Aproveitando os dez anos passados sobre o lançamento do álbum Shrine Of New Generation Slaves, “We Got Use To Us” foi também interpretada esta noite, em jeito de comemoração. Os temas mais animados parece terem ficado guardados para o final do concerto. Foi o caso de “Egoist Hedonist” e “Friend or Foe?” que parecia ser o último de uma noite que já ia longa, diga-se. Houve tempo para mais duas. Primeiro com “Self-Aware” – com mais um ovinho –, seguida de “Conceiving You” que entre suspiros e gritos encerrou definitivamente estas duas horas de atuação dos Riverside. 

Foi uma grande atuação - em todos os sentidos - dos Riverside.


Texto por António Rodrigues
Fotografias por Paulo Jorge Pereira
Agradecimentos: Free Music Events