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Reportagem: PIL e Corsage @ Hard Club, Porto - 24.10.2023


Mais uma vez, o Porto e o Hard Club foram o centro de atenções para outro evento. E desta feita, um dos nomes mais importantes do post-punk escolheu este palco e cidade para apresentarem o álbum “End of World”, lançado este ano, mais precisamente no mês de agosto.

As portas abriram-se às 8 da noite em ponto, e o público foi entrando. Mais de metade deste espaço foi ocupado, o que, para um concerto num dia de semana, é considerado muito bom. Passada meia hora, entram em palco os Corsage. Vale a pena referir que foram escolhidos por John Lydon para serem a banda de suporte nos dois concertos de abertura em Portugal: no do Porto e no de Lisboa. Esta banda pop-punk, fundada em 2003, reeditou no ano passado o álbum “Música Bipolar Portuguesa” em vários formatos. E a primeira música desse mesmo álbum com que presentearam a multidão foi “Café Leopardo”. Henrique Amoroso, sempre energético, como que a comunicar por gestos e linguagem corporal, conseguiu cativar a atenção do público. Após a primeira faixa, saudou o público, que bateu palmas. “Nietzche Sushi Fashion Victim” captou pelo imaginário e pela instrumentação bem organizada. Amoroso perguntou, de seguida, se os fãs estavam preparados para receber a banda principal da noite, o que foi correspondido por palmas. Seguiu-se a terceira faixa. Sempre a saltar, o vocalista quis que a audiência fizesse justiça de ser o público mais quente daquela tournée. Para a próxima faixa e a apresentar, ajoelhou-se: “Dança do Não-Cumprimento”. Aclamaram várias vezes os Public Image Ltd durante o concerto. Tocaram uma cover dos Sétima Legião, que foi usada numa compilação para uma rádio portuguesa: “O Canto E O Gelo”, e por último, “Adeus Europa”. Agradeceram por estarem ali e desejaram que a próxima banda e o John Lydon fossem bem recebidos.

Chegado o tão aguardado momento, entraram em palco os PIL: Bruce Smith – baterista; Lu Edmonds – guitarrista; Scott Firth – baixista e, por último, John Lydon, que se aproximou da sua estante e disse à audiência que estavam muito calados e foi recebido com palmas. “Penge” foi a primeira música tocada da setlist, retirada do último álbum lançado este ano: “End Of World”, como que uma homenagem e tributo a Nora Forster, falecida este ano. Seguiu-se “Albatross”, de “Metal Box” de 1979, que imitou o pássaro em si. Uma música impecável, com batidas ferozes de Bruce na bateria e o público a acompanhar com palmas. Seguiram-se “Being Stupid Again” e “This Is Not Is Not A Love Song”, e nesta, os protagonistas foram o Bruce e Scott com os seus solos arrojados, e que logo de seguida, Lu acompanhou-os. “Potpones” e “Death Disco” puseram todo o Hard Club ao rubro e a bater palmas. Músicas poderosas que, sem dúvida, também mereceram forte destaque por parte dos membros e da plateia. No fim desta, John perguntou aos fãs que música gostariam de ouvir. “The Room I Am In” foi escolhida para dar seguimento ao concerto. E pode-se dizer que foi muito bem escolhida, pois o público sabia a letra de cor e juntou-se ao vocalista. No fim desta, o mentor da banda, perguntou se é costume ver-se muitos ingleses por aquelas bandas e se estão habituados. 

O que é certo é que naquele dia estiveram muitos estrangeiros no concerto, não só ingleses, mas também de outras nacionalidades, o que foi deveras interessante. Lu trocou de guitarra para uma em forma de saz, é uma família de instrumentos musicais de cordas turcos, semelhantes aos alaúdes, de origem turca, mas transformada em guitarra, que na primeira parte de “Flowers Of Romance” foi tocada com um arco. Seguiu-se um baixo tocado como se fosse um violoncelo, totalmente de madeira e sem a parte de baixo. “The Body” seguiu-se, mas tocada e cantada num registo diferente, como num estilo rap. O vocalista perguntou aos espectadores quantos dali foram guerreiros, e mãos foram levantadas de seguida como que a responder à pergunta. “Warrior” foi também a resposta dada pelo cantor aos fãs para a mesma questão. O vocalista pediu aos público presente no Hard Club que colaborasse, que cantasse, mas, ao mesmo tempo, que dissesse duas palavras importantes: “Fuck Off”, o qual os espectadores aderiran em massa. É a palavra mais educada do mundo, disse o vocalista. Acabada essa música, tocaram “Shoom” e saíram do palco por breves instantes. Regressaram para o final encore: três músicas finais: “Public Image” e “Open Up” (cover da banda Leftfield – grupo inglês de música eletrónica), Scott destacou-se nos sintetizadores e, para acabar a noite em beleza, outra das músicas mais esperadas: “Rise”, onde o público cantou em coro com Lydon. E que maneira perfeita de acabar um concerto!

John apresentou todos os membros da banda. Afirmou que todos eram bem vindos para conviverem entre si, tal qual uma família. E bem vindos à família PIL! E despediu-se com um "até para o ano".

Este foi, sem dúvida, um dos concertos mais aguardados em solo português. O famoso John Lydon e os restantes membros souberam receber e acolher os fãs, que há muito tempo os aguardavam. Tudo foi muito bem organizado: do princípio ao fim. Parabéns à organização e a todos os intervenientes. Que venham os próximos concertos com estes grandes senhores do Post-Punk!


Reportagem por Raquel Miranda
Fotografias por Rita Mota
Agradecimentos: At The Rollercoaster