Tarde dedicada ao black metal nacional no RCA. O ambiente estava negro e carregado dentro da sala, com o público a comparecer em número significativo a esta iniciativa que contava com três bandas que espelham bem o que se vai fazendo em Portugal, dentro deste género musical.
Foram os Grievance a darem início a esta matiné negra. Vestes e acessórios a preceito - sem esquecer a maquiagem - e o ambiente estava criado. Faltava a música à altura do evento, lembrando que a sala do RCA estava muito bem composta, pois os fãs de black metal fizeram questão de dizer “presente”. O concerto dos Grievance correspondeu ao esperado, pese embora uma das guitarras tivesse dado problemas no início da atuação da banda das Caldas da Rainha. Fazendo sempre uma pequena introdução para cada um dos temas e quinteto ofereceu um bom concerto de black metal. As músicas cantadas em inglês foram logo despachadas e grande parte da atuação foi feita em português, apoiando-se fortemente no mais recente álbum, Nos Olhos da Coruja, de onde se retiraram vários temas, incluindo o que encerraria a atuação dos Grievance, “Seres Alados”.
Os Vectis fugiram um pouco ao black metal tradicional. A sua sonoridade vai beber também ao thrash metal, e porque não dizê-lo, também ao speed metal. A banda tocou na integra o seu EP de 2020, No Mercy for the Weak e ainda uma cover dos Toxic Holocaust, “666”. Muitos solos de guitarra durante a enérgica atuação da banda do Porto que soube conquistar a assistência. Perto do final, oportunidade para ouvir “Blasphemy of Old”, tema que irá fazer parte de um split a lançar no princípio de 2024. “Evil Possession” teria sido o último tema do concerto da banda do Norte, mas devido a vários pedidos – e por haver tempo disponível -, “666”, a cover dos Toxic Holocaust foi interpretada uma segunda vez.
Coube aos Irae o privilégio de encerrarem este evento. Ainda na antevéspera o trio tinha atuado na Invicta com os Anzv e tem agora pela frente uma série de concertos agendados pela europa. Com 20 anos de existência, a banda tem uma respeitável discografia que oscila entre os temas cantados em português e em inglês. O mesmo se passou em palco esta noite com os Irae a apresentaram um alinhamento de temas que não estava refém de uma única língua. Também não houve lugar a comunicação com o público, parecendo que o importante era deixar a música falar por si. A banda jogava em casa e ofereceu uma atuação à altura, onde temas como “O Caminhv Primitiv”, “Ratazanas” e “Order of the Black Goat”, por exemplo, fizeram as delícias de todos os que se deslocaram ao RCA nesta tarde de domingo. Foram 75 minutos de black metal de qualidade onde foi notória uma confiança em palco que é fruto dos inúmeros concertos acumulados na já longa existência dos Irae enquanto banda. O concerto terminou às 20h00 em ponto, mas por vontade do público teria sido prolongado, certamente.
Boa iniciativa esta matiné de black metal a fazer “sair da toca” os fãs de black metal…e eles são muitos.
Texto por António Rodrigues
Fotografias por Tânia Fidalgo
Agradecimentos: Xapada Fest