Regresso em grande estilo ao nosso país dos suecos The Hives. Quem ajudou a encher a sala do Capitólio presenciou um concerto que certamente jamais irá esquecer. Clássicos, temas novos, tudo servido num clima de festa onde ainda estiveram as escocesas Bratakus, que ajudaram a animar as hostes.
Foi pelas 21h00 que as duas jovens que compõem a formação dos Bratakus iniciaram a sua atuação. Não havia como deixar de reparar na ausência de um baterista, pois o duo é formado por uma guitarrista e uma baixista, sendo que as ambas cantam. Tudo o resto é acrescido por samples. Assim que o punk destas escocesas se fez ouvir, ninguém se pareceu importar se havia, ou não, um baterista em palco. Sempre muito simpáticas e comunicativas, elas apresentavam as músicas que iam tocar, falando sempre um pouco sobre elas. “No More Love Songs” causou impacto devido à sua rapidez, mas logo “The Half Women” e “The Hearse Song”, ambas inspiradas em filmes de terror, levaram as Bratakus de volta à sua sonoridade mais característica. “High Headed Women” mostrou-as num estilo mais rock n´roll (poderia tratar-se de um tema de George Thorogood) e o final da sua atuação deu-se com “Cut Us Down To Size”. Apenas 25 minutos de concerto, mas foram 25 bons minutos.
Sentia-se a ansiedade na sala. Ainda antes da hora marcada para o início da atuação dos The Hives, já o público chamava pela banda sueca. O quinteto apresentou-se em palco com todos os elementos envergando fatos iguais e logo se percebeu que este não iria ser apenas mais um concerto. A banda estava imparável, sobretudo o vocalista Per Almqvist que não se cansou de percorrer o palco de uma ponta a outra, ou mesmo a descer dele para se misturar com o público. “Bogus Operandi” causou logo frenesim na sala e nunca mais ninguém conseguiu parar. Expressando-se num português bastante aceitável, Per foi pedindo o apoio do público (como se fosse necessário), enquanto o provocava, também.
“Rigor Mortis Radio”, mais uma do mais recente álbum, The Death of Randy Fitzsimmons veio provar que este novo trabalho está carregado de temas bons, daqueles que resultam bem ao vivo. Também a coreografia estava bem ensaiada, tal como se viu durante a interpretação de “Good Samaritan”, com o quinteto a fazer um freeze de meio minuto, não mexendo um músculo durante esse período. “Hate To Say I Told You So” era talvez a malha mais aguardada da noite e quando ela começou, houve copos pelo ar, crowdsurfing e até a formação de um circlepit. Sem qualquer tipo de interrupção, “Trapdoor Solution” foi interpretada logo de seguida e o público não parou.
“See Through Head” foi apresentada por um cartaz que alguém entre o público levou para o recinto, como forma de pedir que fosse interpretada. Não pareceu necessário o esforço, visto ser daqueles que dificilmente não estaria incluído na setlist para esta noite. Após “Countdown to Shutdown” os The Hives deixaram o palco, mas eles próprios já tinham admitido que voltariam, bastava para isso que o público os chamasse. A promessa foi cumprida e a rápida - e igualmente curta - “Come On!” levou todo o Capitólio ao delírio. Em “Tick Tick Boom”, Per pediu a todos que se sentassem, pois já deviam estar cansados, e que se levantassem de repente ao som do refrão, naquele que foi o último tema da noite.
Pouco mais de uma hora de pura festa, daquelas que qualquer bom concerto de rock deve proporcionar, foi o que todos obtiveram nesta noite. Não sei se os The Hives são a melhor banda de rock ao vivo - tal como alguém já afirmou - mas são seguramente das mais divertidas.
Texto por António Rodrigues
Fotografia por Paulo Jorge Pereira
Agradecimentos: Prime Artists