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Primordial - "How it Ends" Review


Se uma banda não estiver agrilhoada pelas expectativas dos fãs, imposições de editoras, imperativos de imagem ou estilo que preconizam, simplesmente não se preocuparem com essas questões e se focarem em fazer o melhor trabalho discográfico que consigam num determinado momento, além de se tornar mais satisfatório para os músicos, torna-se também mais compensatório para os seguidores de um determina grupo. Isto partindo do princípio que o objetivo seja não ter nenhuma expectativa, para além de desfrutar de um bom álbum, que seja fiel ao que a banda almeja criar, sem se preocupar com definições, rótulos ou estilos.

Muitas bandas quando encontram uma fórmula vencedora cingem-se à mesma e não se desviam, pois quando o fazem correm o risco de serem apupados pelos fãs, correndo risco real de terminar uma carreira. E sejamos honestos, por mais independentes e altruístas que sejam os músicos, o que os profissionais querem é vender o máximo possível, pois nem todos são os Metallica, que têm a sua própria editora e a sua fábrica de produção de vinil, para podermos ter mais uma versão em vinil do Kill ‘Em All em Zaffre, ou Pervenche (Isto são mesmo cores, eu confesso que também tive que as pesquisar!).

Estes irlandeses que desde o primeiro trabalho discográfico, se diferenciaram dos demais por incluírem temáticas de cariz Celta nas suas composições que tinham por base o Black Metal, mas que nunca se deixaram limitar por esse facto. Até aos dias de hoje as músicas destes senhores têm influências, uma espécie de aura profana, que permeia todos os temas, e ao mesmo tempo têm uma capacidade inata para fundirem o metal com as temáticas Celtas, que estão sempre presentes na mentalidade da Irlanda e dos seus habitantes. Podem-me dizer que há uma infinidade de bandas que tem influências Celtas, e eu admito que sim, mas uma coisa é fazer uma pequena introdução instrumental, ou um pequeno interlúdio acústico com instrumentos que não são muito usuais no metal para demonstrar que são ecléticos, outra coisa é compor temas que têm por base a mitologia e a sonoridade Celta. Estes senhores caem inevitavelmente na segunda categoria.

Oito dos dez temas deste trabalho têm duração igual ou superior a seis minutos, mas são temas tão equilibrados, bem gravados e tocados que a passagem do tempo é quase imperceptível. Por vezes parece que um tema de dois minutos nunca mais acaba, aqui temos o oposto, temas longos, mas multifacetados, que agarram a nossa atenção desde o primeiro ao último momento.

Em suma estamos perante uma banda que desde a início da carreira tem vindo a evoluir, a aprimorar os seus métodos de composição, e a oferecer trabalhos com uma sonoridade e estética muito própria, mas nos quais a criatividade e a progressão não são barradas mas sim fomentadas. E fazem isto sem comprometerem a sua visão musical, sem tentarem gravar discos só como desculpa para justificar mais uma tournée, ou desligarem o microfone da bateria durante a gravação de um disco, porque acham que o som fica mais orgânico (e sem dúvida que fica, se gostarmos de ouvir uma panela de pressão em vez do som de uma tarola).  

Eu não sei como é que isto vai acabar, mas se continuar assim, podemos esperar muitas e melhores coisas destes senhores.

Nota: 8/10

Review por Nuno Babo