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Entrevista aos Crab Monsters


Com raízes no coração da cena musical underground nacional, os Crab Monsters emergiram como uma força incendiária no cenário do punk hardcore. Com uma energia implacável, letras contundentes e uma presença de palco cativante, os Crab Monsters conquistaram um lugar de destaque entre as bandas promissoras do nosso país. Nesta entrevista, vamos conhecer os desafios que enfrentam no mundo da música e a mensagem que desejam transmitir através das suas músicas. Prepare-se para mergulhar no universo dos Crab Monsters e descobrir o que os torna uma força a ser reconhecida no punk hardcore nacional.

M.I.- Um pouco à semelhança da trama da película "Attack of the Crab Monsters", vocês chegaram rápido e dominaram tudo sem olhar a barreiras. Quem são os Crab Monsters?

Os Crab Monsters são 4 amigos que se juntaram com o objetivo muito simples de fazer música e unir valências e decadências de todos, enquanto músicos e bon vivants. Temos um excelente entendimento entre todos e acho que tem funcionado muito bem até aqui porque nem sempre é fácil não complicar e, nesse aspecto, os Crab Monsters não têm facilitado. 
Somos 4 criaturas diferentes que conseguem contribuir individualmente com eficiência e o resultado é uma clara misturada de géneros que nos podem colocar facilmente no meio das trevas, num bar de estrada ou num passeio junto ao rio.   
Esta banda é paixão pela música e pela amizade, mas o mais importante é a libertação que nos traz. Os Crab Monsters são necessidade e libertação. Uma democracia bem regada que queremos preservar a todo o custo, dentro e fora de palco! 


M.I.- Como foi comporem este álbum? Em que se inspiraram?

Inspiramo-nos em muitas sonoridades desde o metal até ao punk, hardocore, rock and roll. É uma salganhada! As temáticas, essas também variam bastante e estão muitas vezes relacionadas com sentimentos de tensão, emoções desconfortáveis, medos aterrorizadores, violência, realidades distópicas, questões vulneráveis às quais todos nós estamos expostos, injustiças, cerveja, festa e desabafos. 
A composição do álbum foi semelhante à dos dois álbuns anteriores embora mais eficiente a meu ver. Posso dizer que foi um processo relativamente natural mas tenso também. Normalmente é o Tiago Dias (guitarrista) que compõe a maioria dos temas, o Batista (baixista) também compôs um par de músicas e a fórmula é registar os riffs principais da música e enviar ao resto da banda, para se ficar com uma noção da velhacaria que se está a formar. Isso permite-nos individualmente ter uma ideia de como podemos prevaricar dentro dessa abordagem. 
Depois o Jordi (baterista) grava algumas baterias e volta a enviar. Essa é o refogado que preparamos para marcar um ensaio mais longo e produtivo que nos permite perceber entre os 4 o que fica, o que sai ou o que muda. Decidimos o que há para decidir e registamos o ensaio para assimilar minimamente a coisa. Depois do ensaio eu (vocalista) oiço as músicas e escrevo as letras num processo que me permite identificar os temas e ajustar as métricas das músicas. 
Tudo isto foi também um pouco tenso porque marcámos o estúdio com mais ou menos 3 meses de antecedência sem termos iniciado a composição de qualquer música e sabendo que só nos podíamos juntar 2 vezes antes da gravação. Mas correu tudo super bem e estamos muito satisfeitos com o resultado. Acabámos por gravar perto do natal do ano passado no Eye Ball Studios no Algarve do nosso amigo Carlos Rocha (Devil in Me) que nos recebeu e tratou como lords!  


M.I.- High on Guts é uma espécie de filme de terror b, que conta a história de uma banda que vem para dominar a cidade. Piss Wizard será a primeira metamorfose dessa banda, que já dominou o país e agora chega o terceiro estágio: Shovel Headshot. O objetivo, agora, é qual?

Então, está-se mesmo a ver... é claramente implodir o mundo e distribuir decibéis à pazada por aí fora! Acho que o Shovel Headshot é um bom álbum, nota-se um bocado a evolução no som da banda, o que é muito bom. Estamos a experimentar e a arriscar mais e esperamos colher alguns frutos disto, para fazer aguardente. 
O objetivo é sempre seguir em frente, passo a passo. Não costumamos ter enormes expectativas, mas estamos sempre confiantes que tudo o que fazemos vai ser bom para o crescimento da banda. Tem sido assim desde início e vai ser assim daqui para a frente. O álbum saiu agora mesmo por isso vamos saborear isso e partilhar a nossa música nos palcos que é o que mais gostamos de fazer. Já temos algumas ideias para breve mas ainda é cedo para revelar. Para já, sentimos que a banda obteve alguma notoriedade e sabemos que as pessoas que nos acompanham reconhecem valor no que fazemos e compreendem a dinâmica da banda. Isso dá-nos bastante conforto. 


M.I.- Permanent Purge é o primeiro single do álbum. Podemos esperar mais algum? E para quando?

Sim, essa hipótese está em aberto. Para já não lançámos mais nenhum mas penso que há fortes indícios para lançarmos mais um ou dois singles entretanto. Talvez prendinha de natal! 


M.I.- Já têm datas marcadas para a apresentação no novo álbum e todas elas com excelentes line-ups e em eventos de renome. Podemos esperar mais novidades?

Já temos algumas datas marcadas para o próximo ano e muito provavelmente ainda contaremos com algumas datas antes de fechar o ano, mas ainda não estão certas. 
 

M.I.- Contam dar concertos de apresentação lá fora?

Esperemos bem que sim. Tocámos há pouco tempo em Madrid mas de momento não há nada marcado lá fora. Sabemos que será muito bom para a banda e acho mesmo que nos vamos debruçar nessa ideia, porque está na hora dos Crab Monsters pegarem no dicionário de línguas e sairem estrada fora por aí. Estamos ansiosos para encontrar esse espaço e fazer acontecer, até porque todos nós temos outras bandas, trabalhos, famílias e implica outra logística e bulhas de morte com os calendários. Mas é isso, quando lhe pegarmos ou vai, ou racha... 


M.I.- A métrica de um álbum a cada dois anos é para manter ou abrem uma excepção se este álbum vos fizer dedicar mais tempo à estrada?

Isso foi muito acidental, até penso que foi o nosso Emanuel da Hellxis que referiu isso na promoção do álbum e sinceramente, nem me tinha apercebido dessa casualidade. É muito bom sinal, mas não fazemos planos para manter essa frequência. Até podemos gravar outro álbum já para o ano, mas para já precisamos primeiro de tocar mais para decidir em que direção apontamos em breve. 
Como já disse, também seria importante para a banda fazer uma turné de algumas datas lá fora por isso, vamos aguardar e ver o que acontece. 


M.I.- Projetos para o futuro?

Ficar vivos e ter saúde para dar o próximo passo. Como já se percebeu, agora está tudo muito em aberto mas uma coisa é certa: não vamos parar! Talvez façamos uma surpresa em breve, ainda este ano, de preferência e, em princípio, será um split 7 polegadas com uma banda espanhola.
 

M.I.- Acrescentem, o que quiserem, à vontade.

Em nome da banda, o nosso muito obrigado ao Ricardo Moita pela excelente entrevista. Obrigado à Metal Imperium pela oportunidade, a todas e todos os envolvidos e da nossa parte foi uma prazer enorme dar aqui estas palavras. Já agora também gostaríamos de deixar um agradecimento e mandar um forte abraço ao Emanuel da Hellxis por todo o apoio e amizade, aos amigos Vitor Torpedo e ao Pedro Calhau que participaram na música "I hate common sense", ao Alexandre Bacala que fez a capa do novo álbum, ao Carlos Alves que produziu o restante artwork e um grande abraço ao fotógrafo Gustavo LP pela cedência das fotos. Fiquem bem, até breve! 

Entrevista por Ricardo Moita