A sonoridade já de antemão, transporta-nos imediatamente para finais dos anos 90 / início do novo século, onde bandas como Tristania ou Theatre of Tragedy eram consideradas relevantes no panorama metálico europeu. Ou seja, metal gótico, com toques sinfónicos e dualidade bela e monstro nas vozes. Nada de novo até aqui e valha a verdade, tratando-se de um estilo tão moribundo, não vem mal ao mundo alguém tentar hastear novamente a sua bandeira, até porque há bons predicados em To Gaze Longer at the Earth.
Desde logo e ao contrário do que se poderia imaginar, o foco está essencialmente nas guitarras, que diga-se, soam bastante bem. Pujantes quando necessário e claras quando a ambiência é mais acústica. A atmosfera é genuinamente sinistra e gótica, coisa que muitos coletivos com tais aspirações, são incapazes de criar. O facto da vocalista Clare Webster também tocar harpa, maximiza ainda mais toda a atmosfera contida nestas composições.
Porém saber criar atmosfera não será tudo e ao terceiro trabalho, já se esperaria que os Edenfall conseguissem efetuar transições mais fluídas e, lamentavelmente, menos amadoras. Na faixa Altar of Grief, por exemplo, é possível escutar como uma simples e abrupta mudança de tom, torna a música quase involuntariamente dissonante, no pior dos sentidos. A juntar a isso, os temas são na sua génese pouco dinâmicos e longos, tornando-se por vezes difícil distingui-los uns dos outros, conferindo-lhes pouca personalidade. Exemplo primordial é a supracitada vocalista, que raramente sai do seu registo operático e a forma como entoa as melodias, a certa altura, começa a tornar-se exageradamente repetitiva. Num álbum com 66 minutos de duração, tais particularidades poderão tornar a sua escuta bastante entediante.
Enfim, tendo em conta os pratos da balança, o resultado será mediano. A banda tem qualidade, mas teima em não conseguir transpô-la totalmente para a sua música. A ter debaixo de olho, mas com moderadas expectativas.
Nota: 6/10
Review por António Salazar Antunes