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Code Orange - "The Above" Review


A evolução dos Code Orange ao longo dos anos tem sido sempre no sentido de misturar sonoridades, sempre com a base no hardcore, tornando-se, neste processo numa banda com um som único. “Never Far Apart” é um tema principalmente assente no industrial reminiscente dos Nine Inch Nails, algo que já se podia ouvir em Forever (o terceiro álbum desta banda), mas mais pronunciado em Underneath (o seu último).

O groove está mais presente em “Theatre of Cruelty”, mas as parecenças são demasiadas com “Swallowing the Rabbit Whole” (de Underneath) no final. “Take Shape” com Billy Corgan é um dos vários singles do álbum, mas infelizmente a participação do frontman dos Smashing Pumpkins é dos aspectos menos impressionantes acerca do tema, sendo que a alternância do recurso das vozes entre Jami Morgan e Reba Meyers no refrão é um dos pontos altos, e algo a que os Code Orange recorrem com frequência e eficácia ao longo do álbum.

Com “The Mask of Sanity Slips” a voz de Jami Morgan soa mais versátil que nunca e o breakdown a meio do tema é algo habitual nos arranjos dos Code Orange, mas soa sempre bem, especialmente quando o tema muda de andamento no final (com os teclados de Eric Balderose no centro). 

Outros elementos que nos recordam dos registos anteriores desta banda estão presentes em “Snapshot”, e, por exemplo, temas como “A Drone Opting Out of The Hive” apresentam o lado pesado e sem piedade da banda (“The Game”, inclusive, lembra “Bleed” dos Soulfly, dado o seu groove). Por sua vez, “Circle Through” e “I Fly” lembram Garbage do seu álbum de estreia, uma referência ao pop-rock dos anos 90. 

Chegando-se a “The Mirror”, temos o tema mais pop do disco, e da carreira dos Code Orange até hoje. O que não será uma novidade para quem tem acompanhado a evolução da banda até agora (não esqueçamos o lançamento do concerto ao vivo em formato acústico Under The Skin em 2020). De novo em “But a Dream”, temos mais uma aproximação ao rock dos anos 90 (mesmo “The Above” que encerra o disco começa com a escuridão do industrial de uns Nine Inche Nails mas volta àquela sonoridade no final).

The Above é, assim, o disco mais acessível dos Code Orange, mais um passo no sentido de se tornarem uma das bandas mais relevantes da música “pesada” moderna. Atrevo-me a compará-los aos Linkin Park quando abandonaram a sonoridade nu-metal de Meteora e Hybrid Theory em favor do rock de Minutes to Midnight e continuaram a evoluir no sentido de música mais pop. Sublinho, que esta comparação é feita com a devida distância entre ambas bandas, sendo que a evolução sonoroa dos Code Orange não é tão acentuada, não se tratando numa passagem de um género para outro, mas antes de uma integração de várias influências no seu “core” criativo.

Os temas em si são extremamente bem concebidos, ainda que a transição entre eles em sempre o seja. Outro aspecto negativo, é a falta da presença do baixo de Joe Goldman na mistura, salvo em pontos específicos de “Grooming my Replacement” ou de “Take Shape”. Estamos perante um bom exemplo de um álbum de fusão, pois não se trata de hardcore, industrial, rock, ou pop (“Splinter the Soul” é um excelente exemplo desta fusão de géneros dentro do mesmo tema), mas sim de álbum que reúne isso tudo.

Nota: 8/10

Review por Raúl Avelar