About Me

Till the Dirt - "Outside the Spiral" Review



Antes de mais, tenho que começar por agradecer a Kelly Shaefer por ter tirado o lendário Scott Burns da reforma, para produzir este trabalho. 

Se há produtor que moldou a sonoridade que ainda hoje é a minha preferida, foi este senhor que trabalhou em clássicos incontornáveis de bandas com Cannibal Corpse, Deicide, Sepultura, Obituary e Cynic, assim como grandes discos de bandas injustamente remetidas ao esquecimento como é o caso de Embalmed Existence, dos Resurrection ou Idolatry dos Devastation apenas para citar alguns. 

Menciono o trabalho de Scott Burns com tanta preponderância porque em entrevistas, Kelly Shaefer revela que este trabalho foi idealizado com a intervenção direta do produtor, na escolha dos temas que viriam a ser editados neste disco.

De acordo com Shaefer, este trabalho começou a ser composto durante o confinamento com o intuito de ser um álbum de Atheist, mas à medida que as coisas foram evoluindo e depois de conversas com Burns e com Jeff Loomis (convidado para tocar neste trabalho) ficou decidido que não se enquadraria na sonoridade da banda supracitada, e que seria uma entidade independente. 

Trata-se de um disco bastante diversificado e experimental, com influências de death metal, black metal, metal alternativo e rock progressivo, que com certeza vai agradar tanto aos seguidores da carreira deste senhor, como a novos convertidos. 

Muitas bandas tentam incorporar as diversas influências que têm dentro de um mesmo trabalho, com o intuito de serem progressivos e experimentais e só conseguem mesmo é ser confusos e convolutos na sonoridade que preconizam. Este senhor consegue fazê-lo com uma facilidade incrível, com todos os elementos díspares a interligarem-se entre si de forma lógica e consistente, sem nunca parecer desorganizada ou pretensiosa.

Além da participação de Jeff Loomis temos também a participação de Steve DiGiorgio dos Testament, amigo de longa data de Shaefer, para validar este trabalho composto e tocado por Shaefer com um grupo de ilustres desconhecidos, todos muito competentes nos seus respectivos instrumentos.

Em relação à produção em si, todos os elementos clássicos estão bem patentes, guitarras equilibradas e agressivas, um baixo bem presente e as vozes bem gravadas e bastante variadas, que alternam um registo limpo com gritos black metal e vozes guturais. O único ponto fraco ou não tão bem conseguido é mesmo o som de bateria que se apresenta demasiado seco, com uma manifesta falta de dinâmica, mais concretamente na tarola e nos pedais de bombo, em suma demasiado próximo do nível de St. Anger, para o seu próprio bem. 

Se conseguirmos ultrapassar este detalhe, estamos perante um disco que embora não seja de Atheist, como tenho a certeza, muitos fãs desejariam (incluindo eu), é um bom disco e em espírito acaba por ser tão experimental e progressivo com o trabalho dessa banda.

Nota: 7/10 

Review por Nuno Babo