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The Zenith Passage - “Datalysium” Review


Este grupo californiano gerou um grande burburinho quando lançou o seu primeiro álbum “Solipsist” em 2016, tendo arrecado uma porção muito generosa de louvores relativos à execução da dita obra de estreia, louvores esses que são muito abertos à interpretação de cada um, no entanto, puseram os The Zenith Passage no pódio do Death Metal Técnico, apesar de ser questionável se a banda era merecedora ou não de estar lá.

Sete anos passados desde a estreia, o grupo lança este seu segundo longa-duração intitulado “Datalysium” e a primeira coisa que se pode dizer sobre o registo, logo mal o coloquemos a rodar, é que sete anos de interregno fizeram bem ao lado criativo da banda. “Solipsist”, sendo um bom álbum, era também o produto padrão daquilo que é death metal técnico: rápido, bruto mas também carregado de virtuosismo nas guitarras, no entanto, não era nada que já não tivesse sido feito até então e aquilo que era apresentado era fácil de superar com algum dos autênticos discos de renome de bandas semelhantes. Mas aqui as coisas são diferentes, começando pela sonoridade, a qual pode continuar a ser claramente Death Metal Técnico, tem agora uma precisão matemática na forma como os riffs são tocados, contribuindo para o intencional aspecto maquinal que a banda quer transmitir na sua sonoridade. Outra coisa a destacar é que, ao contrário do que fazem muitas outras bandas do género, os Zenith Passage resolveram abrir espaço para respirar entre os riffs, ou seja, em vez de estarem a contecer dez coisas ao mesmo tempo por minuto, essas coisas continuam a acontecer, mas a forma como cada elemento encaixa na composição final torna-o perfeitamente visível entre todos os outros, o que dá uma surpreendente facilidade de audição ao disco e torna-o muito mais acessível a um público que é capaz de preferir que o seu metal não seja a encarnação sonora de uma francesinha.

Podia ficar por aqui e fechar a review dizendo que houve uma notória e positiva evolução do álbum 1 para o álbum 2, mas “Datalysium” tem mais que se lhe diga.

Enquanto que os primeiros três temas do disco se enquadram no que foi descrito acima, quando entra “Synaptic Depravation” os Zenih Passage apresentam-nos uma nova dimensão ao álbum: há mais melodia, o que contrasta com a frieza calculada do que se tem ouvido até este momento. Melodia essa que vem dos teclados, às vezes na voz e, quase sempre, nas guitarras que acabam por ganhar alma para se contraporem à atmosfera maquinal que elas mesmas compoem durante o disco. A faixa que se segue “Cult of Deletion” aprofunda-se nos electrónicos, conseguindo-os equilibrar muito bem com o resto da música e fazendo às vezes lembrar os Cynic durante os seus anos dourados, e os dois temas que fecham os 45 minutos de “Datalysium”: “Automated Twilight” e o tema-título mostram-nos os Zenith Passage a serem muito mais expansivos e atmosféricos, fazendo a sua sonoridade aproximar-se mais da de uns Beyond Creation ou Obscura e afastando-se um tanto ou quanto dos elementos mais deathcore estilo The Faceless, de onde é proveniente uma boa parte dos elementos da banda.

Não sendo perfeito, “Datalysium” é um excelente álbum de Techdeath, bem melhor que o seu predecessor e que, agora sim, revela que os The Zenith Passage são uma banda à qual se deve prestar atenção e manter no radar.

Nota: 7.7/10

Review por Tiago Neves