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Sherinian / Phillips - Live - Review


Definição de virtuosismo – Qualidade daquele que tem grande talento de execução, em particular no domínio das belas-artes, sobretudo na música. 

É exatamente isso que temos neste trabalho ao vivo que junta Derek Sherinian teclista que entre muitos outros já trabalhou com Alice Cooper, Billy Idol, Whitesnake, Kiss e substituiu o infinitamente subestimado Kevin Moore nos Dream Theater. Já Simon Phillips é apenas e só um dos mais respeitados bateristas da atualidade, tendo trabalhado com Joe Satriani, The Who, Jeff Beck, Hiromi, Gary Moore, Gordon Giltrap (artista no qual os Iron Maiden se “inspiraram ” no tipo de letra utilizado no seu logótipo), et al. Embora para muitos estes nomes não tenham grande relevância e para os mais incautos, este senhor gravou o álbum Sin After Sin de Judas Priest onde figura um tema chamado Dissident Agressor, que muitos consideram um ponto de partida para o New Wave of British Heavy Metal e para o Thrash Metal que viria a seguir. Para além disso serviu de inspiração para o grande Scott Travis, que foi contratado pelos Priest, quando os mesmos decidiram voltar a ter um baterista na banda. Eu aprecio a prestação de Dave Holland nos Trapeze, mas não tenho em grande estima pelo seu trabalho em Judas Priest, devo confessar, embora ainda hoje considere o Defenders of the Faith um clássico incontestável. 

Estes senhores estão brilhantemente acompanhados por Ron “Bumblefoot” Thal (Ex Guns ‘n’ Roses) na guitarra e Ric Fierabracci (Tom Jones, The Beach Boys, etc.) no baixo, nesta data ao vivo que finalmente aconteceu, quando a agenda ultra preenchida dos músicos o permitiu. 

Ao contrário do que acontece com 99.9% dos lançamentos atuais de rock progressivo ou de neo prog, isto não se trata de uma maratona de solos em que os músicos lutam por protagonismo, esquecendo o que é importante na música, a estrutura e melodia dos temas, que os torna apelativos para ouvintes mais seletos que queiram escutar boas composições e não apenas o encadeamento de exercícios, escalas e pentatónicos, que se aprendem nos primeiros meses ao iniciar a aprendizagem de qualquer instrumento. 

Os 11 temas (1 deles é apenas uma introdução da banda) deambulam pelo jazz rock e rock progressivo, de forma equilibrada, com cada instrumentista a mostrar o seu mérito técnico, sem que para isso tenha que entrar pelos meandros de solos sem fim e sem qualquer propósito que não seja o da autorrealização. As faixas, com a exceção de uma que tem 11 minutos, não ultrapassam os 6 minutos, o que demonstra o ataque preciso e conciso dos músicos.

Bumblefoot e Sherinian estão em constante diálogo, sendo que por vezes não sabemos se estamos a ouvir solos de guitarra ou de teclados, enquanto Simon Phillips e Fierabacci usam o seu virtuosismo estoico, para pontificarem todos os temas com um grande nível técnico.

Definitivamente não é um trabalho para todos, mas para amantes do bom progressivo, com grandes executantes a demonstrar o seu talento quer composicional quer de execução, vão encontrar aqui um disco muito interessante, tocado ao vivo, sem backing tracks, hologramas, ou samples, apenas grandes músicos a tocar boa música.

Nota: 8/10  

Review por Nuno Babo