Tornaram-se uma banda de culto por mérito próprio. Aonde quer que anunciem concertos os Bizarra Locomotiva arrastam consigo a sua legião de fãs, que é já composta por um número muito significativo. Com enorme profissionalismo, souberam a devida altura para colocar uma pausa nas suas atuações, apenas para voltarem mais fortes e com um novo álbum. Um tão aguardado novo álbum. Volutabro.
Os concertos dos Bizarra Locomotiva são algo difícil de explicar, é preciso mesmo vivenciá-los para nos apercebermos da energia que emana do palco e que rapidamente contagia quem assiste. Este novo álbum pretendia marcar o início de uma nova sonoridade que, segundo os próprios, se pretende ainda mais escura e densa. Quem foi assistir ao concerto sem antes ter escutado Volutabro pôde confirmar isso mesmo. Temas mais negros, não só instrumentalmente, mas sobretudo nas suas letras.
O espetáculo começou pontualmente às 22h00 – não houve banda de suporte – e logo por temas novos, nomeadamente pelos dois primeiros de Volutabro: “Vendaval Utópico”, uma introdução apenas instrumental, logo seguida de “Volúpia”, que causou desde cedo grande impacto na assistência. Se houve alguém a pensar que o novo trabalho pudesse ser apresentado na integra pela sua ordem natural, enganou-se. Volutabro foi servido, mas aos pedaços, aqui e ali, entre as numerosas malhas que os Bizarra Locomotiva compuseram ao longo dos seus 30 anos de existência. “Gatos do Asfalto” foi o primeiro dos clássicos desta noite e Rui Sidónio cantou-o praticamente todo enquanto fazia crowdsurfing. “Vejo-me Fantasmas” marcou o regresso a este novo álbum e mostrou ser um tema rápido, talvez dos mais rápidos dos Bizarra. Nova descida do palco por parte de Sidónio, desta vez para cantar com o público, “Ergástulo”. Se há tema que merece ser partilhado desta forma é mesmo este, que é um hino obrigatório nos seus concertos.
Sem intervalos, a banda previa 90 minutos de atuação sem interrupções e prosseguiu com o seu mais recente single, “Vala Comum” e também com o anterior, “Vulnerável Prostituto”, que encaixam perfeitamente no reportório da banda. Momento coreográfico curioso foi o que ocorreu durante o início de “Foges-me em Chamas”, entre Rui Sidónio e Miguel Fonseca, com os dois músicos a trocarem um beijo. O álbum Homem Máquina também foi visitado através do tema “Cada Homem” e novo regresso aos temas recentes - ou já não tão recentes -, com “Veia do Abandono”, que também faz parte do anterior trabalho, o EP Fenótipvs.
Para o final, um convidado de luxo. Fernando Ribeiro, vocalista dos Moonspell, juntou-se aos Bizarra para o tema “O Anjo Exilado” e depois, já com os dois entre o público, cantarem “O Escaravelho”, malha que colocou ponto final neste espetáculo.
Texto por António Rodrigues
Fotografia por Joana Alexandra
Agradecimentos: Rastilho