A velocidade mantém-se em “Blood of the Funeral”, arrasador, com os riffs a lembrar os noruegueses 1349, com um interessante recurso pontual a sopros de orquestra. “Shovel Beats Specter” começa com sinos a acompanhar uma narração e assim está dado o mote para este tema sombrio como uma marcha fúnebre.
A bateria rápida e agressiva de Simon Schilling abre “Charlatan”, com o baixo bastante presente. No que diz respeito ao baixo, neste álbum, os Marduk contam com as contribuições de Devo Andersson, J. Lindholm e do vocalista Daniel Rosten. “Coffin Carol” segue-se com a agressividade mais uma vez no máximo, apenas interrompida abruptamente quando nos aproximamos do fim para um momento de calma inesperado. “Marching Bones” mantém a intensidade no máximo, com o baixo presente na mistura a acompanhar a guitarra frenética e a bateria (quase) descontrolada.
O conceito musical que parece fluir ao longo de todo o álbum é o de uma marcha contínua, sempre com a voz rasgada de Daniel Rostén, ora a gritar, ora a entoar versos como se tratassem palavras de ordem. No entanto, entre os momentos de marcha, temos a velocidade alucinante da maior parte dos temas que não dão descanso ao ouvinte.
O tema “Year of the Maggot” começa de forma calma, antes de irromper num assalto de agressividade e violência imparáveis, acabando por ser um tema quase death metal. De seguida, “Red Tree of Blood” surge com a guitarra dobrada a tocar um riff que acompanha a voz, mostrando a coesão da banda.
O riff inicial de “As We Are” dá o mote para a entrada da bateria pesada de Simon Schilling e os teclados que soam como uma marcha fúnebre, um dos melhores temas do álbum, com um solo excelente de guitarra (cortesia do vocalista Daniel Rostén). A letra desafiante do tema encerra da melhor forma o álbum, prestando homenagem, ainda que indireta aos Darkthrone. O contributo na voz de L.G. Petrov (ex-Entombed, Firespawn), falecido em 2021, acaba por tornar o tema ainda mais interessante.
O álbum percorre várias sonoridades dentro do black metal, recorrendo a elementos orquestrais, a riffs de hard rock, e a elementos da tradição do black metal norueguês preconizado por bandas como Darkthrone ou Immortal. A transição entre temas é suave, passo a expressão, sempre natural. Com Memento Mori, os Marduk apresentam um disco com uma sonoridade moderna e cativante para os fãs do género. Apesar de se tratar de haver um grande enfoque na velocidade e agressividade na maior parte dos temas, os pormenores que surgem nos diversos temas tornam este disco numa experiência única que merece ser vivida várias vezes.
Nota: 8/10
Review por Raúl Avelar