Mas foquemo-nos na música. Para os fãs dedicados que conhecem bem a discografia dos criadores do “swamp metal”, este álbum será uma retrospectiva de tudo o que fizeram até agora. Tem tudo o que os Kalmah são: riffs rápidos e melódicos, vocais rasgados que roçam tanto o black como o death metal, solos de guitarra impressionantes e teclados bem presentes a dar o toque final. Mas o melhor de tudo é que, para além de pegar num pouco de cada um dos 8 álbuns anteriores, a banda ainda conseguiu inovar e fazer algo de novo. Com 10 músicas (exatamente 44 minutos e 4 segundos), este self-titled é uma experiência musical esmagadora do início ao fim, sem uma única música que se passe à frente. “Haunted by Guilt” inicia o álbum com um riff memorável que abriria um mosh imediatamente, passando de seguida para uma melodia de guitarra e teclado simultâneos que poderia ter saído diretamente do álbum “Swampsong” de 2003. “Veil of Sin” possui uma igualmente nostálgica melodia, com os teclados criando um ambiente épico no background, sobressaindo progressivamente ao longo da música. “Scarred by Sadness” leva-nos de novo aos inícios da banda, notando-se as influências do metal finlandês tão característico do final dos 90’s e início dos 00’s. Nesta música (apesar de isto acontecer um pouco por todo o álbum) são notáveis os vocais de Pekka Kokko, que alterna entre os seus característicos death growls e os mais rasgados raspy screams característicos dos 3 primeiros álbuns. “No Words Sad Enough” surpreende-nos com um início calmo e uma melodia tocada em violoncelo (sim, estão a ler bem). Depois de 3 músicas esmagadoramente aceleradas, esta melancólica “balada” (se é que se pode chamar de balada a isto) é uma inesperada e bem vinda pausa. Para além do já falado violoncelo, temos um fantástico solo de teclado, guitarras acústicas, vocais sussurrados e um igualmente fantástico solo de guitarra. “Tons of Chaos” certamente porá todo o público a cantar ao vivo; “Red and Black”, apesar de mais repetitiva não perde a sua potência e esplendor criando um ambiente épico e ritmado e “Taken before Given” ataca-nos de surpresa com um flashback a “Seventh Swamphony” e um refrão que certamente ficará na cabeça. Para além disso, esta música foi escrita em 1991, sendo um tesouro desenterrado e mostrando o talento que os Kalmah já tinham, no tempo em que se chamavam Ancestor e as influências thrash estavam bem mais presentes. O álbum termina com “Drifting in a Dream”, mais lenta e melancólica, provando mais uma vez a capacidade de inovação da banda.
Por fim, por a parte visual desempenhar um papel importante, quero chamar a atenção para a arte da capa absolutamente magnífica de “Kalmah”. A escolha de cores e composição estão no ponto, captando a energia do álbum perfeitamente e contendo referências aos 3 singles previamente lançados (cada um dos mesmos com uma capa igualmente bem pensada). Na minha opinião, este é o melhor álbum que a banda já lançou, captando tudo o que tem de bom e inovando para além do imaginável. Tinha expectativas altas e os Kalmah superaram-nas largamente. Definitivamente um dos álbuns do ano, a banda provou de novo que é mais do que capaz de fazer bom melodeath à finlandesa. Podia escrever 10 páginas, mas o álbum fala (ou toca) por si mesmo. Perfeito do início ao fim, tornou-se imediatamente num dos meus álbuns favoritos.
Nota: 9/10
Review por Simão Madeira