O coro de vozes abre “Older than the Gods”, um tema que recorda Myrkur nos seus primeiros lançamentos a nível instrumental, ao passo que a voz lembra a de Jonas Renske dos Katatonia. As vozes brilham aqui, com backing vocals em registo de death growls, reforçando a letra entoada, a dada altura.
A voz de Kvohst em “Listen to the River” juntamente com a instrumentação estabelece uma atmosfera negra, lembrando os Arcturus no seu álbum de regresso, Arcturian. Soa como ICS Vortex, exagerado na sua teatralidade, mas não demasiado. Os teclados de Kimmo Helén aqui são o instrumento em destaque.
Por sua vez, “A Cabin in Montana” é mais negro e desesperante, com o ambiente de Polar Veil estabelecido, algures entre o black metal mais tradicional e música mais atmosférica e imersiva. Neste tema, os instrumentos estão todos mais presentes: baixo, bateria e guitarras, nomeadamente nas passagens instrumentais. As vozes, por sua vez, surgem predominantemente com efeito de reverb.
Um dos principais aspectos dos temas em Polar Veil são as passagens instrumentais em que todos os instrumentistas brilham. O ambiente do álbum relembra a inquietação de Great Escape dos Crippled Black Phoenix, que, apesar da distância em termos de género e de sonoridade poderá encontrar paralelos para os mais atentos, nomeadamente no uso das guitarras, como no solo em “Ring”.
Em “Eternal Meadow”, temos a bateria de Jukka Rämänen na frente do som. A bridge instrumental com guitarras acústicas é um dos melhores momentos do disco, sendo seguido de um solo de guitarra de Kvhost. O ambiente é estabelecido em “Crepuscular Creatures” pelos teclados e pelas guitarras, a tempo lento. Por fim, “Homeward Polar Spirit” encerra o disco de forma negra e fria, com a voz de Kvhost entoando a letra de forma contemplativa.
As músicas em Polar Veil têm por si só o facto de serem memoráveis e ao fim de várias audições “ficam no ouvido”, por assim dizer. Um dos melhores exemplos disto é “Older than the Gods”.
A influência da sonoridade mais black metal pode-se pode notar na parte final de “Ring” em que as guitarras de Kvhost e o baixo de Ville Hakonen tocam o mesmo riff em uníssono, lembrando os Darkthrone. No entanto, os Hexvessel neste sexto lançamento vão além da sonoridade de apenas um género, podendo-se notar várias influências. Este é um disco que, facilmente, acabamos por ouvir várias vezes.
Nota: 8/10
Review por Raúl Avelar