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Dying Fetus - "Make Them Beg For Death" Review


Tendo prestado bastante atenção ao lançamento de Wrong One To Fuck With, assim como a regravação do tema “One Shot, One Kill” em 2017 (recomendo o mini-documentário das Milkboy Sessions Studios no Youtube acerca desta sessão de gravação), procurava ver se este novo lançamento estaria ao nível da mestria do álbum anterior dos Dying Fetus. 

E na verdade quando ouvimos “Compulsion for Cruelty” (o single de avanço lançado há um ano), temos um regresso ao slam de “Fixated on Devastation” do anterior álbum, com a voz de John Galagher a liderar o conjunto e a bateria de Trey Williams com uma precisão milimétrica. E se prestarmos atenção, conseguimos ouvir os apontamentos do baixo de Sean Beasley igualmente impressionantes. Em termos de execução, Make Them Beg for Death é intocável. Os pinch harmonics da guitarra estão no centro do início de “Feast for Ashes”, o breakdown no meio do tema é perfeito, antes de se retomar a velocidade, que mais uma vez, abranda no solo de guitarra. 

Logo à partida, o principal aspecto a ter presente neste álbum é certamente os arranjos dos temas: cada tema tem desde secções rápidas a breakdowns, passando por mudanças de dinâmicas em secções extremamente curtas. Outro aspecto é a execução dos mesmos na perfeição por uma banda coesa (a própria mistura do disco permite que todos os instrumentos estejam audíveis, nomeadamente o baixo em momentos-chave dos temas).

Por fim, temos as diversas sonoridades exploradas no álbum. Por exemplo, “Throw Them in the Van” é um tema curto, quase grindcore, onde, por sua vez, “Enlighten through Agony” é quase black metal (recorda-me “Dawn of a Golden Age” do projeto Roadrunner United, composto por Matt Heafy e Dani Filth). Já “When the Trend Ends” é um tema mais thrash, na tradição dos Slayer e “Undulating Carnage” lembra Aborted, mas sempre com o groove típico dos Dying Fetus (relembrando “Subjected to a Beating” de Reign Supreme) nas secções mais lentas e com um solo brilhantemente executado no final.

“Hero’s Grave” começa com um solo de guitarra frenético, antes de assentar no groove da bateria, guitarra ritmo e na voz (mais à frente regressa o solo de guitarra mais uma vez frenético). O último tema “Subterfuge” surge como um ato de violência gratuita, com a banda toda a atacar o ouvinte num dos temas mais contidos, mas não menos pesados do disco; o final é incrivelmente bem conseguido.

Entre o lançamento anterior que data de 2017 e este, os Dying Fetus deixaram um espaço de vários anos, o que se nota na atenção ao pormenor em termos de composição e execução. Trata-se de um álbum que, ao fim de 37 minutos e 29 segundos consegue manter o nível de execução e atenção ao detalhe que seria de esperar por parte dos Dying Fetus. 

No entanto, falta um tema que se destaque dos demais, como sucedia com “Fixated on Devastation” no álbum anterior ou “Subjected to a Beating” de Reign Supreme. Por outras palavras, acabamos por ter um excelente álbum de death metal, mas ao qual falta algo que fique connosco após a sua audição, dado que os temas se sucedem uns aos outros sem que haja um que sobressaia, na minha opinião.

Nota: 7/10

Review por Raúl Avelar