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Dantalion - "Fatum" Review

 

As orquestrações por sintetizador abrem as hostilidades deste Fatum; “Great Funeral of Dawn” começa com um impressionante riff de guitarra, bateria agressiva e voz teatral. O uso de efeitos em reverse nas guitarras é interessante, e as paragens na música também, tornando o arranjo cativante para o ouvinte. 

“Abyss Eating Serpent” assenta nas guitarras com os riffs mais interessantes do álbum; a meio do tema, uma paragem interessante dá destaque ao baixo de NanoF e à bateria de Naemoth. Segue-se “Qayin Dominor Tumulus”, que começa de forma surpreendente, e lentamente vai acrescentando agressividade à parede de som das guitarras de Netzia e Vorgh, lembrando os Fuath de Andy Marshall.

Com “Hades Visions” temos um tema mais lento, em que continua com o ambiente desesperante do álbum, oscilando entre a brutalidade e a rapidez, e em “Exu Kings of Emulu” regressa a velocidade de princípio ao fim. Este tipo de variação entre os diversos temas infelizmente não sucede com frequência suficiente para que Fatum se torne num álbum surpreendente.

No penúltimo tema, “Mortuary Song”, a introdução com recurso a teclado é uma novidade bem-vinda, e traz consigo o momento mais calmo do disco. Este tema instrumental desenvolve-se em torno de um motivo melódico que permite ao ouvinte relaxar antes de entrar na descarga final de “Sounds of Bells and Open Scissors”, onde a voz de Sanguinist começa cortante com as guitarras a acompanharem o seu desespero. Este último foi um dos singles de avanço do álbum e acaba por ser aquele que melhor o representa no seu todo.

Fatum é um disco cujo principal veículo de expressão está na voz torturada de Sanguinist, sendo que a atmosfera dos temas é muito semelhante entre si, salvo o caso de “Abyss Eating Serpent” e “Mortuary Song” que se destacam dos demais. Com efeito, a voz transmite de forma perfeita a agressividade e opressão dos Dantalion. Há, ainda, que sublinhar que com “Novena Wake Begins” temos outro dos pontos altos do disco com uma harmonia reminiscente dos Deathwhite (do seu álbum Grey Everlasting de 2022), rivalizando com a agressividade e peso dos portugueses Oak (mais precisamente no álbum Lone). 

No entanto, esta sonoridade black e doom tem vindo a ser explorada por diversas bandas atualmente, o que acaba por prejudicar Fatum enquanto lançamento, onde falta um pouco de variação entre os temas para o destacar dos demais.

Nota: 6/10

Review por Raúl Avelar