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ASET - "Astral Rape" Review


ASET é o novo projeto de membros dos Seth e Oranssi Pazuzu (entre outras bandas), sendo que a formação em si é, para já anónima, e Astral Rape é o seu primeiro lançamento. O som de temas como “Astral Dominancy” abre com uma alusão à sonoridade de bandas como Uada e Deathwhite. Este, em particular é um tema abrasivo em que a voz entoa de forma dramática a letra ocultista de inspiração em Aleister Crowley e ocultismo egípcio, com as guitarras a darem uma atmosfera negra, mas onde o baixo brilha com linhas interessantes.

Astral Rape em si abre com “A Light in Disguise” com as teclas a pontuar a o entoar da letra, a bateria precisa e agressiva. Na verdade, trata-se do tema mais acessível e direto do disco. Curioso o recurso a guitarras gravadas em inverso na introdução de “Abusive Metempsychosis”, que dura apenas uns segundos. Esta agressividade mantém-se ao longo do tema com os risos dementes do vocalista; com as guitarras a providenciarem a atmosfera sufocante e opressiva.

Em “A New Man for a New Age”, a voz de forma teatral vai entoando a letra sempre de forma diferente. Na verdade, a ênfase na mensagem ocultista parece ser o foco deste projeto, daí que a voz se articule sempre de forma diferente, mas como o principal “instrumento” de toda a banda, o que acaba por ser feito de forma competente, com os arranjos a servirem o carácter ritualístico do projeto. Aqui, por exemplo, a música para em duas ocasiões apenas para recomeçar com maior intensidade, dando maior destaque à voz.

A bateria é um dos destaques em “Lord of Illusions”, seguindo a tradição black metal de dar ênfase ao pedal duplo; em segundo lugar, fica o enfoque nas guitarras com o ritmo rápido, mais precisamente com a guitarra ritmo recorrendo ao tremolo picking, assim como o recurso pontual a teclados para apontamentos breves, mas interessantes.

O piano ajuda a acentuar os acordes em “Serpent Concordat”, sendo de destacar aqui a secção rítmica com a bateria e o baixo a estarem perfeitamente em sintonia, especialmente a meio do tema, altura em que este abranda. As guitarras regressam como que navalhas a cortar pela neblina em que a música está imersa. Trata-se de um dos melhores temas do disco.

Em Atral Rape, a letra segue uma temática ocultista como acima referi, e a voz transmite-a de forma clara. Aliás, como excelente exemplo da entrega da banda a esta temática, “Force Majeur” começa como que se de uma invocação ritualística se tratasse, refletindo a letra escrita pelo ocultista francês Papus, e que se debruça sobre a 15ª carta do Tarot do “Livro de Toth”. 

A atmosfera dos temas é negra e abrasiva, como se de um pesadelo se tratasse, com pouco espaço para respirar. O som opressivo recorda bandas da vaga de black metal mais moderno, sempre com ênfase na atmosfera imersiva e na forma como se pretende envolver o ouvinte. No entanto, existe pouco espaço para variação entre os temas em termos instrumentais, que seguem um pouco a mesma estrutura em termos de arranjo, o que acaba por prejudicar a audição no seu todo. Tratando-se do primeiro lançamento do projeto, existe espaço para crescimento e maturação dos conceitos musicais aqui apresentados.

Nota: 6/10

Review por Raúl Avelar