Nos passados dias 05 e 06 de agosto realizou-se na Associação de Cultura, Desporto e Solidariedade Social do Paço da Comenda (ACDSS), Tomar, o Comendatio Music Fest, que é um festival de música que é mais dedicado ao som progressivo e alternativo mas, com espaço para outras sonoridades mais pesadas. Ao chegar ao espaço da ACDSS, um local bastante amplo e com condições para albergar um festival de médias dimensões, como é este (mas com a possibilidade de vir a evoluir para algo maior), tendo um bom espaço para o campismo. O local ainda dista alguns quilómetros de Tomar, porém para quem não tem transporte próprio, existe perto uma estação da CP.
Os primeiros a pisar o palco desta nova edição do CMF foram os Z.U.L., banda vencedora do concurso do Comendatio Music Fest e originária do norte de Portugal. Estes apresentam uma sonoridade que consiste numa mistura de Post Rock, Metal Progressivo e com alguns momentos mais espaciais e psicadélicos. Mesmo debaixo do calor abrasador que se fazia sentir e o sol impiedoso, deram um bom espetáculo, onde desfilaram os temas pertencentes ao EP homónimo "ZUL". No final, foi tempo para os agradecimentos à organização pelo concurso e pela sua presença no festival.
Em seguida, os Qwentin que se apresentaram-se em palco envergando vestes negras e gravata. Este power trio é um projeto musical experimental e multilinguístico, com narrativas durante as atuações, bem como sequências musicais não convencionais, tendo um pouco de stoner, de psicadélico e progressivo. São uma amálgama de melodias que não respondem a nada de convencional no panorama musical. Trouxeram consigo temas do seu álbum “Premiére!” e têm a caminho um novo álbum. De louvar que, mesmo estando vestidos de escuro e debaixo de um sol abrasador, os Qwentin deram um bom concerto, tendo sido uma boa surpresa no festival.
Os Altesia vieram de Bordeaux, para nos trazer o seu som progressivo, apresentando temas dos seus dois álbuns “Embryo” e “Paragon Circus”. A banda apresenta uma sonoridade muito ambiental e viajando por vários géneros, do rock e metal progressivo, com toques de jazz, pop, ou mesmo death metal. O vocalista puxou muitas vezes pelo público, pedindo inclusive um 'circle pit' ao pessoal em temas mais mexidos, havendo um pouco de resistência porque o calor que se fazia sentir estava imenso. O coletivo enfrentou um pequeno percalço técnico que acabou por encurtar a sua atuação. Mesmo assim, no tempo em que estiveram em cima do palco, saíram de lá satisfeitos, tendo ainda pedido ajuda ao público para que cantasse em uníssono o último refrão do último tema. Ao encerrar a sua atuação, mostraram ainda o seu agradecimento à organização pelo convite.
Os HoChiMinh foram integrados, à última da hora, no alinhamento do Comendatio para substituição da banda ALLT, que não pôde comparecer. A atuação começou já um pouco atrasada, mas nada que impedisse de trazerem a sua boa disposição e energia, apesar de o setlist ter de ser encurtado. Trouxeram consigo temas mais antigos e ainda temas do seu novo álbum “This Is Hell”. Apesar de serem uma banda mais virada para um industrial/metalcore/groove, enquadraram-se bem no festival, tendo mesmo muitos fãs no público. Como usual e entre muita boa disposição, energia e sonoridades melodiosas e pesadas na medida certa entregaram-se à sua atuação com o empenho já habitual, mesmo com o calor que ainda se fazia sentir. No tema “This Is Hell” o vocalista convidou para o palco a vocalista Mafalda Hortas, que se encontrava em serviço no festival, para subir ao palco com a banda. Na reta final do concerto, o público ainda pediu por um bis mas, dado estar tudo devidamente cronometrado por questões organizacionais, a banda não pode aceder ao pedido, despedindo-se com os seus agradecimentos a todos os presentes e organização.
Os I Built The Sky chegaram de Melbourne, Austrália, como substituição dos Carbomb no cartaz. Este é um projeto criado por Rohan 'Ro Han' Stevenson. A sonoridade do projeto é baseado principalmente em temas instrumentais de guitarra produzidos pelo próprio. O instrumental é progressivo; com toques de rock, melódico e complexo. Os membros do grupo são artistas convidados, David Parkes na bateria e RO1 nas teclas. O espetáculo luminoso, aliado ao sonoro, deixou o público - que por esta altura já enchia por completo o recinto - completamente preso a todos os temas. A banda passeou por ‘The Zenith Rise’ e ‘Coalesce’. Foi um maná de técnica, de riffs e melodias de pura e simplesmente fechar os olhos, deixar-se ir e sentir. Muito boa energia entre a banda e o público e como não seria de esperar estiveram completamente à altura da noite e inclusive no último tema, a audiência tirou os telemóveis e criou um mar de luzes acompanhando-os. Tempo para os usuais agradecimentos ao público e ao festival por os receberem tão bem e que a noite para eles seria memorável.
Por último atuaram os alemães The Ocean, que também foram integrados no alinhamento do cartaz, como substituição da banda Volumes, e acabaram por se tornar os cabeças de cartaz do dia 5 de agosto. Na bagagem eles trouxeram o seu metal progressivo que junto com um ambiente atmosférico fizeram as delícias do público. A banda lançou o álbum “Holocene” este ano e foi por aí que começou, sendo depois a vez de desfilar temas de ‘Phanerozoic I: Palaeozoic’ e voltando novamente para “Holocene”. Um desfilar de temas enérgicos e ecléticos, sendo servidas diretamente ao nosso âmago todas as emoções que estas melodias carregam em si, que até aquece o coração e terminando no último tema com o vocalista envolto pelo público. Esta foi uma experiência sonora e visual para voltar a repetir um dia.
Reportagem por Sabena Costa
Agradecimentos: Comendatio Music Fest