Independentemente de tudo isto, neste fatídico dia de 2021, recordei o momento em que me ofereceram o disco "Blessing In Disguise" em 1989, o que me permitiu descobrir mais uma grande banda, e também a alegria ao saber do regresso de Mike Howe aos Metal Church em 2015. Desta forma, a nostalgia abateu-se sob este vosso escriba... Perguntava-me se ia desaparecer mais uma banda de eleição? A melhor homenagem que se podia fazer a alguém, com uma voz tão talentosa como a de Mike Howe, é continuar na estrada, a cantar o seu legado, dar a conhecer a sua arte às gerações vindouras, ou seja, manter o seu espírito vivo! Será que os Metal Church conseguiriam erguer-se novamente das cinzas? E como se ergueram!
Em 2022, o guitarrista Kurdt Vanderhoof deu uma entrevista onde anunciou que pretendiam completar o line-up e gravar um novo disco em honra de Mike Howe. A confirmação da notícia surgiu no início de Fevereiro deste ano, na qual anunciaram Marc Lopes (de Ross The Boss/Let Us Prey) como o novo frontman da banda. A 26 de Maio (reparem no dia!), nasceu para o Mundo "Congregation of Annihilation", o 13º longa duração dos Metal Church! Vai ser disso que vamos falar agora.
A mais recente encarnação da banda apresenta um lançamento com 11 músicas novas. São cerca de 50 minutos que poderão quebrar o pescoço mais incauto. Com uma mistura entre o Thrash, Speed e Heavy, este trata-se de um disco que revisita os primeiros anos da banda, com alguns pormenores de metal "moderno", sem que se perca a vibe daquilo que é mais importante, o cheiro a anos 80. Obviamente que no centro de toda a atenção, está a prestação de Marc Lopes, com a sua voz vigorosa e com os seus high-pitched screams. O início é avassalador com 3 faixas cheias de riffs, solos e melodias cadenciadas, que trazem ao presente o melhor de Metal Church. Com "Another Judgement Day", "Congregation of Annihilation" e "Pick a God and Prey" estão lançados os dados para aquilo que se pode chamar como os novos clássicos da banda. Com isto, quero dizer, que se trata de um disco com tudo aquilo que se espera dos Metal Church, ou seja, não se trata de uma reinvenção, mas mais de uma nova vida cheia de inspiração antiga. A bolacha segue com "Children of the Lie", "Me the Nothing", 2 faixas um pouco diferentes das anteriores, um pouco mais lentas, mas que lembram o Metal passado. O que é algo que me agrada profundamente.
Com "Making Monsters", "Say a Prayer with 7 Bullets" e "These Violent Thrills", regressamos aos riffs contundentes e solos rápidos. Este lançamento termina com "All That We Destroy", "My Favorite Sin" e "Salvation, faixas que continuam a exalar por todos os poros, o cheiro caracteristico da banda. Em suma, com tudo isto, não quero dizer que estamos na presença de um "Blessing in Disguise" ou de um "The Dark", no entanto a realidade é que este lançamento me fez recuar um bom par de anos até à década de 80.
Nota: 8/10
Review por Ricardo Gomes