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Winger - "Seven" Review


Podemos não apreciar a sonoridade, mas uma banda que sobrevive ao grunge, a Beavis & Butthead e aos Metallica, pelo menos merece o nosso respeito.

De realçar que James Hetfield recentemente, pediu desculpa à banda pela alfinetada presente no vídeo de Nothing Else Matters, que mostrava Lars Ulrich a atirar dardos para um Poster onde figurava Kip Winger, vocalista, baixista e líder da banda.

Em termos sonoros a banda sempre deambulou pelo hard rock, com ténues traços de rock progressivo, e quando falo em progressivo não quero com isso dizer que vamos ouvir solos de teclas intermináveis ou temos com 20 minutos ou mais, em que todos os músicos lutam entre si por espaço e protagonismo virtuoso, numa tentativa vã de disfarçar a sua manifesta falta de talento composicional. A estrutura das músicas é criada cuidadosamente com muitos detalhes de bom gosto, com uma progressão similar à música clássica, facto a que não será alheio o trabalho orquestral que Kip preconiza na sua carreia a solo.

Os solos são sempre refinados com particular destaque para os de Reb Beach, guitarrista que nos últimos anos têm trabalhado com David Coverdale nos Whitesnake e que prova mais uma vez, ser um dos guitarristas mais subestimados do hard rock. 

Nota de destaque para o regresso de Paul Taylor (teclas, guitarra ritmo) à banda, que já não gravava com os Winger desde o álbum In The Heart of The Young de 1990, embora ao longo dos anos tenha participado esporadicamente, como integrante ao vivo.

No que concerne à temática das letras nem todas as bandas fizeram uma transição espontânea das temáticas glam (mulheres, festas, álcool, carros velozes, et al), para temas mais atuais como alienação, misantropia, guerra e pobreza, mas os Winger conseguiram fazê-lo com relativa facilidade, se bem que ainda agora acredito que a temática bélica do álbum Winger IV, me parece um bocadinho presunçosa.

A produção a cargo do próprio Kip Winger acarreta consigo todas questões que podem surgir quando uma banda produz o próprio disco, o som está equilibrado com todos os instrumentos percetíveis, desde a bateria a cargo do sempre incrível Rod Morgestein, que mais uma vez prova que não é preciso ser um artista de circo, para se ser contundente, acabando no baixo que nem sempre é percetível nas gravações. No entanto acho que as atuais técnicas de produção, em que todos os instrumentos são quase clinicamente manipulados e comprimidos, para que não haja lugar a nenhuma falha ou espontaneidade, rouba o álbum da imprevisibilidade que é tão apreciada, pelo menos por este humilde escriba.

Dos 12 temas totais apenas 1 tem o tempo mais acelerado, sendo que os restantes são quase todos num meio-tempo cadenciado e isso também não ajuda a que o álbum se torne mais imediato. Nas primeiras audições não é disco que prenda a atenção, mas com várias audições os detalhes começam a revelar-se, assim como nos trabalhos mais recentes dos Helmet por exemplo.

Em suma, acreditar que os Winger vão gravar o seu melhor álbum nos tempos que correm é como acreditar que o novo filme do Indiana Jones vai ser melhor que o segundo, ou seja, simplesmente não é possível. É um disco sólido com boas canções, tocadas por bons intérpretes e nos tempos que correm isso por si só é uma ótima premissa, para motivar a audição deste trabalho. 

Nota: 6/10

Review por Nuno Babo