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Voivod - "Morgoth Tales" Review




Qual é a motivação para os músicos regravarem os seus próprios temas? Existem múltiplas razões para que isso ocorra. Ozzy Osbourne gravou o álbum ao vivo intitulado Speak of the Devil em 1982, composto inteiramente por temas de Black Sabbath, com o intuito de manter os direitos de autor das músicas. David Coverdale reinterpretou os temas Here I Go Again e Fool For Your Loving, com o objetivo de os tornar mais palatáveis para o mercado americano e sejamos honestos, as versões originais, muito mais introspectivas e intimistas nunca teriam a aceitação em massa, que as suas contrapartidas tiveram. Se isso foi correto ou não, é uma conversa para outra dissertação. Os Anthrax gravaram versões dos temas clássicos da banda com o incrível John Bush nas vozes em The Greater of Two Evils de 2004, quase como para se motivarem a si próprios para o substituir por Joey Belladonna, embora eu pessoalmente não consiga encontrar nenhuma razão válida para o fazerem. Os Sepultura regravaram o tema Troops of Doom originalmente incluído no Morbid Visions e neste caso particular acho que ficou muitos furos acima da versão original, o que será umas das raras ocasiões em se verifica uma melhoria significativa. 

Este lançamento em específico é constituído por reinterpretações de temas da já longa carreira da banda, nove para ser mais preciso, um tema novo e uma cover de Home dos PIL. Pelo que constato ao ouvir este trabalho, muito bem gravado como já é apanágio da banda, não ouvimos aqui nada de novo, tratando-se apenas de versões de estúdio das músicas que já são interpretadas ao vivo quase da mesma maneira há já muitos anos. Também seria virtualmente impossível melhorar a interpretação de temas já por si clássicos.

Como pontos de interesse temos um tema com a participação de Eric Forrest, ex-membro da fase cyber metal da banda, que nos presenteou com os muito subestimados Negatron de 1995 e Phobos de 1997. Temos também a contribuição de Jason Newsted que durante muitos anos além de membro da banda foi também o curador dos riffs de guitarra que Dennis D´Amour também conhecido por Piggy gravou antes da sua morte e que estão imortalizados nos álbuns Voivod de 2003, Katorz de 2006 e Infini de 2009.

O tema título que é o único original do disco acaba por ser uma faixa, que nos faz ansiar por um álbum inteiro construído à volta deste. É uma música que tem todos os ingredientes que os Voivod têm vindo a incluir e aprimorar deste o início da sua carreira. Experimentalismo, jazz, metal e rock progressivo, todos combinados duma forma tão perfeita que quase parece banal, mas que é tudo menos isso.

Nota final para a supracitada cover de PIL, uma banda tão idiossincrática, que torna quase impossível fazer uma boa interpretação dos seus temas, mas os Voivod conseguem-no de uma forma bastante personalizada, com uma atitude segura e perfeitamente imbuída na sonoridade da banda. 

Nota: 6/10

Review por Nuno Babo