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Stray Gods - "Olympus" Review




Em plena pandemia, surgiu na Grécia um projeto musical, liderado pelo multifacetado Bob Katsionis (Firewind, Warriors Path, Serious Black), com o objetivo de prestar tributo aos grandes mestres da NWOBHM, criando música original, ao estilo e com as características de Iron Maiden.
Posto isto, já sabemos o que esperar: excelentes harmonias de guitarra, solos elaborados, baixos pulsantes e melodias vocais icónicas. Para tal, na voz não podia estar outro que não o “nosso” Artur Almeida (Attick Demons), mais conhecido por ter um timbre vocal que é tão parecido com Bruce Dickinson que até arrepia.

O primeiro álbum não se fez esperar e saiu em março de 2022. Em junho, deram o seu primeiro (e único) concerto no Up the Hammers Festival, em Atenas. A distância geográfica entre Artur e os restantes elementos da banda não facilita as apresentações ao vivo mas não é impedimento para as gravações, pelo que, um ano depois da estreia, saiu o segundo disco – muito gregamente intitulado Olympus. Entretanto, a banda cresceu e é agora um quinteto, com mais um guitarrista a bordo, John Mcris.

O novo opus começa fortíssimo, com Out of Nowhere, o primeiro single, que conta com um refrão orelhudo que é um excelente cartão de visita para o disco. A faixa seguinte é Ghost From the Future, uma composição mais densa, a fazer lembrar remotamente The Evil that Men do. Ao longo de 45 minutos, vão-se alternado músicas rápidas e outras mid paced sem, no entanto, se perder o equilíbrio e a coerência. O tema-título, que encerra o disco, não empolga de sobremaneira, mas cumpre a sua função.

O que temos aqui é Maiden old school, isto é, composições mais simples e diretas, bem distantes das atuais construções épicas, progressivas, grandiloquentes e… chatas com que os ingleses nos brindam há (muitos) anos. Dito de outra forma, trata-se de malhas in your face, sem intros compridas e gorduras desnecessárias, tal como os ingleses faziam até ao Fear of the Dark, tirando raras e honrosas exceções. A execução técnica é de elevado nível e a produção, a cargo do próprio Bob Katsionis, é irrepreensível.

Contudo, à parte se tratarem de composições novas e originais na sua génese, não se ouve nada que não pudesse ter sido feito há mais de trinta anos. Dêjá-vu? Não, é apenas um disco “apanhado algures no tempo” e trazido para o século XXI. É criticável? Não. É sempre bom ouvir temas orelhudos ao estilo que todos bem conhecemos e que nos habituámos a ouvir desde muito jovens. O melhor elogio que posso fazer é que este disco é bem mais interessante que qualquer um de Iron Maiden desde o The X Factor e que certamente agradará aos fãs mais exigentes da velha dama de ferro.

Pontos altos: Out of Nowhere, The Other Side of the Mirror, Abel & Cain.

Nota: 8/10

Review por Renato Conteiro