Nos últimos anos, tem-se assistido ao surgir de bandas como Ulthar, Blood Incantation ou Worm que pegam na sonoridade mais tradicional do Death Metal original e misturam-na de uma forma bastante refrescante com elementos de Doom, Black Metal e, até mesmo nalguns casos, com uma certa quantidade de prog rock. Para quem ainda não se cruzou com uma destas exóticas mixórdias, os Static Abyss podem ser um bom ponto de partida.
Originários da Califórnia, em 2021, a banda pode ser recente, até mesmo em comparação com os nomes referidos acima, mas os Static Abyss são tudo menos um grupo de novatos na cena musical. Este duo é composto pelos já veteranos Chris Reifert e Greg Wilkinson, sendo que um deles é um dos membros fundadores dos emblemáticos Autopsy. Com isto em conta, é muito fácil associar este projeto à sonoridade da banda paralela dos seus membros, a qual tem mantido o seu Death Metal bastante saudável, mas igualmente, bastante fiel às raízes de onde nunca se afastou, o que acaba por ser muito bom dada a qualidade que os Autopsy entregam.
Mas não estamos aqui para falar de Autopsy e é essa a mensagem que este segundo álbum deixa bem clara logo na abertura visceral que é o tema-título, com um andamento inicial de death metal rápido e impiedoso que depressa leva com uma tempestade de solos, abrandando de seguida para algo muito mais enegrecido que o torna num interessante tema de Death/Doom. E isto é só o início, o primeiro de onze temas em quarenta minutos de uma virtuosa insanidade musical.
“Wormskinned” agarra o ouvinte pela sua surpreendente acessibilidade e melodia e depois já não dá para largar o disco, sendo garantidos uns 40 minutos bem diversos e de alta qualidade. A banda raramente se afasta do Death/Doom que apresenta logo de início, havendo momentos em que pende mais para o death metal mais selvático como em “Crosses and Coffins”, outros em que deixa os riffs mais arrastados de Doom falarem mais alto como em “The Static Abyss” e na muito bem chamada “Cathedral of Vomit” (como é que em quase 40 anos de existência deste género musical, ninguém se lembrou de um nome destes?). Por fim, existe ainda uma faixa de Grindcore perto no final do disco: “Dehumanized” e de certo que isto há de deixar muitos ouvintes a pensar no que faz este tema aqui.
“Aborted from Reality” é um álbum que merece ser apreciado uma e outra vez. A qualidade do que está nele gravado faz dos Static Abyss uma banda a ser seguida com muita atenção.
Nota: 8.8/10
Review por Tiago Neves
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