Desde o lançamento de Graveward em 2015 que os Sigh têm sido uma banda que têm suscitado o meu interesse, pela forma como conseguem tornar cada música caótica e coesa, sem nunca ser aborrecida. Os lançamentos de estúdio que lhe sucederam, Heir to Despair (2018) e Shiki (2022), tornaram-se ainda mais coesos em termos de exploração de uma sonoridade progressiva e orquestral.
Ora, o primeiro álbum ao vivo desde 1997, Live: Eastern Forces of Evil 2022 serve de boa introdução ao catálogo da banda, dado que o set escolhido pela banda abrange a sua carreira ao longo dos anos, desde a estreia Scorn Defeat até ao recém-lançado Shiki. Abre com “Victory of Dakini”, destacando-se o baixo de Mirai Kawashima distorcido, acompanhado com órgãos gravados em backing tracks (ou pré-gravados).
“Mayonaka no Kaii”, um dos singles de avanço deste projeto, destaca-se pelo solo de teclados (pré-gravados de Mirai Kawashima) em modo trade com a guitarra de Nozomu Wakai. Com efeito, o disco serve de apresentação do novo guitarrista da banda japonesa, que aqui demonstra uma destreza incrível ao executar em temas como “Mayonaka no Kaii” ou “Purgatorium”, só para destacar alguns.
O saxofone tenor de Dr. Mikannibal brilha pontualmente em “Kuroi Kage” e “The Transfiguration Fear”, mas é principalmente a sua voz que se nota ao longo do álbum a partilhar o protagonismo com o vocalista principal Mirai. O baterista convidado Takeo Shimoda destaca-se em “Shoujahitsumetsu”, um tema que varia muitas vezes de dinâmica, com blastbeats, momentos rápidos, paragens súbitas e fills impressionantes.
A versão de “Evil Dead” dos Death encerra o disco da melhor forma, demonstrando o melhor desta formação que aqui se estreia: os solos precisos de Nozomu Wakai, a bateria exímia de Takeo Shimoda e o baixo seguro de Mirai Kawashima (que volta a assegurar o instrumento ao vivo, ao fim de 19 anos).
No seu todo, Live: Eastern Forces of Evil 2022 é um lançamento coeso, mas que por vezes peca não ter temas que se destaquem um dos outros. Não deixa de ter surpresas interessantes, como os sinos em “the Soul Grave” e os efeitos semelhantes a um sitar em “Satsui”. Infelizmente, por haver uma enfâse nos temas mais rápidos da banda que se encadeiam com facilidade uns nos outros ao vivo, acaba por não haver espaço para exibir o lado mais orquestral e intricado da banda.
Nota: 6/10
Review por Raúl Avelar