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Reportagem: Royal Blood e Conferência Inferno @ Campo Pequeno, Lisboa – 02.07.2023


Pouco menos de um ano após a sua última visita a Portugal, eis que os Royal Blood, sem medos, se apresentam em nome próprio na Praça de Touros do Campo Pequeno. Com um novo álbum intitulado Back To Water Below anunciado para setembro próximo, é ainda sobre o trabalho de 2021, o aclamado Typhoons, que esta tournée incide. As honras de abertura couberam aos Conferência Inferno.
Muito público no recinto para receber a banda portuguesa. O post punk do trio portuense é verdadeiramente interessante, desde logo porque é cantado em português. Apesar de eletrónica, a batida da música dos Conferência Inferno é forte, proveniente dos dois sintetizadores que acompanham o vocalista. Foram somente 30 minutos, mas que valeram a pena. Oportunidade para ouvir temas do álbum Ata Saturna, como foi o caso de “Ausente”, que entusiasmou verdadeiramente o público, ou até “Apocalipse”, do primeiro EP da banda e que fechou a atuação do trio.

Os Royal Blood são a prova viva de que pouco, pode por vezes ser muito. A maioria dos temas tocados esta noite para os milhares de pessoas que deslocaram ao Campo Pequeno, foi interpretado apenas por dois elementos, fazendo uso de um baixo e de uma bateria. Verdade seja dita que o baixo de Mike Kerr soa a tudo menos ao som característico desse instrumento. A batida forte da bateria de Ben Thatcher complementa, e de que maneira, o seu colega, tornando difícil de acreditar que muitas das vezes se encontram apenas duas pessoas em palco. Pelas 21h00 começou-se a ouvir a voz de Donna Summer numa pequena introdução a “Hole”, retirado do single de 2014 de Little Monster. Apesar do sucesso de Typhoons, não foi a esse álbum que a banda foi buscar mais temas para esta noite, mas sim ao trabalho homónimo de 2014. “Come On Over” meteu todos a saltarem ao ritmo da música, para logo de seguida assistirmos à primeira entrada do sintetizador de Chris Moyles em palco, para a interpretação de “Boilermaker”. 

Mike Kerr, por diversas vezes, afastava-se do microfone e percorria o palco em toda a sua largura e também Ben, sempre que podia, largava a sua bateria e interagia com o público. O concerto desta noite trouxe uma surpresa. “Pull Me Through” foi tocada ao vivo pela primeira vez em Portugal. Uma prenda, segundo Mike, para demonstrar como o duo estava contente por estar de regresso ao nosso país. Chegados ao tema “Little Monster”, o vocalista pediu a todos os que estavam na bancada para se levantarem. Não só esse pedido foi atendido, como o público fez questão de cantar essa música praticamente na integra. 
Houve também lugar a um solo de bateria antes de “How Did We Get So Dark”, altura em que alguém fez chegar a Ben uma bandeira portuguesa que ele não mais largou, usando-a mesmo como capa durante o resto do concerto. Após a ritmada “Figure it Out”, a banda deixou o palco sob fortes aplausos, não demorando muito para que Mike regressasse para tocar, desta vez sozinho e ao piano, a música “All We Have is Now”. O concerto dos Royal Blood não podia terminar desta forma e foi por isso que, já com Ben de volta à bateria, a banda interpretou “Out of the Black”, com que encerrou a noite.

Os bilhetes não esgotaram para este concerto, mas o recinto encontrava-se muito bem composto. Não fosse o grande número de espetáculos musicais que têm decorrido em Portugal nos últimos dias e talvez o duo britânico tivesse encontrado o Campo Pequeno completamente cheio.


Texto por António Rodrigues
Fotografia por Paulo Jorge Pereira
Agradecimentos: Everything Is New