Já se sabia que este regresso das Crypta a Portugal seria sinónimo de sucesso e a confirmar isso mesmo, houve casa cheia. Lotação esgotada então, para um evento que tinha ainda outros motivos de interesse. Desde logo a atuação dos Besta, com toda a intensidade que lhes é reconhecida, mas também pelo concerto dos Mass Disorder, eles que faziam aqui o seu regresso aos palcos, depois de um longo tempo de paragem.

Novidades na formação da banda de Almada/Seixal. A jogar em casa, os Mass Disorder apresentaram-se com o seu novo vocalista, Sandro Martins e dizer que a sua atuação foi boa seria pouco. Thrash metal de muita qualidade, pujante, onde a voz de Sandro assenta como uma luva. O público pareceu concordar com esta minha opinião, pois desde muito cedo se criou um mosh pit junto ao palco. Com um novo E.P. a caminho, o setlist compôs-se com temas de Conflagration, como “Modus Operandi” ou “Premonition”, havendo oportunidade ainda para um cheirinho do que aí vem, com a música – com letra em português- “Sem Ossos”. De salientar que os Mass Disorder foram praticamente obrigados pelo público a tocar mais um tema do que aqueles que estavam originalmente planeados.

“Bem-vindos ao ritual da besta”, gritou o vocalista Paulo Rui, no início do concerto da banda lisboeta. Em que consiste esse ritual? Basicamente por uma descarga massiva de grindcore, temas curtos, diretos, sem perdas de tempo. Seria cansativo para o leitor enumerar aqui as músicas tocadas nesta noite, mas foram garantidamente mais de 20. A sua discografia vai dando para isso e muito em breve teremos aí o novo “Terra em Desapego”. Neste concerto em particular, podemos dizer que os Besta deram continuidade ao que os Mass Disorder haviam iniciado e subiram-no um nível. A agitação entre o público manteve-se, mas agora também se fazia crowd surfing e stage diving na sala do Cine Incrível. Numa das poucas paragens entre temas, já na ponta final da atuação, Paulo aproveitou para referir a opinião dos Besta sobre o que se está a passar no STOP, tema importante para a cultura nacional e que não foi esquecido.

Mesmo com o problema que afetou uma das guitarras (acontece), este concerto esteve perto da perfeição. Faltava apenas que a voz da Fernanda estivesse um cagagésimo mais alta em alguns momentos, para que isso se concretizasse. Ainda assim, concerto memorável, como eu já referi, que terminou com “From the Ashes”, tema que tanto diz às Crypta e por razões óbvias, à sua vocalista.
Texto por António Rodrigues
Fotografia por Paulo Jorge Pereira
Agradecimentos: Metals Alliance / Hugo Fernandes