Sejamos honestos ao ponto de admitir que o death metal nunca foi, nem nunca vai ser um estilo musical que apela ao público em geral. As vocalizações guturais, que trauteiam líricos quase sempre ininteligíveis, sendo que para percebermos o que está a ser cantado, temos impreterivelmente que consultar o livrete do álbum (para aqueles que ainda consomem música em formato físico), conferir se existem letras disponíveis nos serviços de streaming, ou ver os vídeos no Youtube que as editoras disponibilizam com as letras, e foi justamente nesta última opção que consegui ver a letra do segundo tema deste disco. Como seria espectável a temática é obscura, agressiva e soturna, tal como ditam as regras.
A produção tem que ser pouco nítida, em que as guitarras têm afinações que se fossem mais baixas, teriam que ser tocadas no subsolo, o baixo deve ser ainda mais gutural que as vocalizações e os ritmos devem intercalar entre passagens a roçar o doom metal e secções aceleradas pontuadas com ritmos de pedal duplo, como que a pedir uma dança desenfreada no mosh pit, durante um concerto.
Este que é o quarto trabalho desde a reformação do grupo, quinto no geral, cumpre todos os critérios supracitados, tornando-o num disco de death metal competente com boas malhas, uma ambiência claustrofóbica, da qual só conseguimos sair por breves momentos, em que são tocados pequenos trechos melódicos ou solos de guitarra, como se nos estivéssemos a afogar e conseguíssemos vir à superfície por breves momentos, para respirar.
Não é um disco clássico ou pelo menos um álbum injustamente esquecido como é o caso do primeiro trabalho da banda Member of Immortal Damnation de 1992, ou o Slumber of Sullen Eyes dos também finlandeses Demigod, mas é um disco competente que cumpre todos os requisitos, para satisfazer a sede de brutalidade e selvajaria que os fãs do estilo anseiam.
Nota: 6/10
Review por Nuno Babo
