Quando penso em power metal americano penso em Metal Church, Iced Earth, Savatage, Queensryche entre muitos outros. Para os mais distraídos esta banda poderá parecer um grupo recente inspirado por esse movimento, mas na verdade estes nativos do Colorado tiveram a sua génese em 1981, inicialmente como Tyrant, mas por já existir uma banda californiana com esse nome e após terem visto num cartaz alemão a expressão Jagdpanzer (que poderá ser traduzido como destruidor de tanques), optaram por essa designação, contudo por ser complicado de pronunciar, passaram a utilizar a denominação mais facilmente articulável de Jag Panzer.
Em 1984 lançam Ample Destruction, um álbum ainda hoje considerado por muitos como uma pedra basilar do movimento de power metal norte-americano. Um álbum que nos apresenta todos os ingredientes obrigatórios para este estilo começando na voz de cariz operático de Harry Conklin e terminando no trabalho exímio de Joey Taffola nas guitarras.
Após o abandono de Taffolla para iniciar uma moderada carreira a solo com o lançamento de Out of the Sun em 1987, que embora seja um álbum interessante inevitavelmente acabou por servir somente para engrossar a lista de lançamentos repletos de virtuosismo técnico da Shrapnel, que na sua esmagadora maioria, se tornaram inócuos com o passar dos anos. Conklin por sua vez ingressou nos Riot, mas foi sol de pouca dura e pouco tempo depois formaria a sua própria banda, os Titan Force. Os restantes membros da formação original, Mark Brody (Guitarra ritmo e teclados) e John Tetley (Guitarra baixo) reformularam a formação da banda e gravaram um álbum em 1987, que não seria lançado oficialmente. Só em 1994 é que a banda voltaria ao activo, quando o panorama musical já estava completamente díspar em relação à realidade da década de 80. Pessoalmente acredito que foi este interregno que fez com que a importância da banda desvanecesse ao longo dos tempos.
O que é um facto é que a partir de 1994 a banda tem lançado trabalhos discográficos competentes, chegando até este o seu décimo segundo trabalho de estúdio. Um disco de cariz conceptual, baseado numa sociedade distópica, em que a personagem principal terá que passar pelas tribulações que surgem, para poder perseverar.
Estamos perante 10 temas bem compostos, tocados e gravados como seria espectável com músicos deste gabarito. A voz de Conklin não perdeu nenhuma da sua força e vitalidade, tendo talvez ficado mais controlada no seu ataque. Com o passar dos anos e com a maturidade um bom músico é que deverá controlar o seu instrumento e não o oposto. Ritmos galopantes, coros fortes, melodias aprazíveis, solos que demonstram uma grande destreza técnica, está tudo incluído. Contudo o disco acaba por ter cadências muito similares, o que o torna um pouco monodimensional, levando-me à conclusão de que os Jag Panzer estavam lá no início e tiveram um papel importante, da mesma maneira que o primeiro álbum dos Metallica teve para o thrash metal, elaboro, o Kill ´Em All é um álbum importante, por ser um dos primeiros, mas não é nem por sombras um dos melhores trabalhos dos Metallica (Ride the Lightning) nem é o melhor primeiro trabalho de thrash metal, para isso temos o Bonded by Blood dos Exodus. Talvez seja esta a razão para esta banda não ser tão celebrada como outras, é uma óptima banda e que vai satisfazer a sede de ritmos épicos, vocalizações impotentes, ritmos frenéticos de bateria, mas em última análise há muitas outras bandas capazes de ser mais contundentes no seu ataque e na sua sonoridade em geral, e que por isso inevitavelmente acabam por ser mais enaltecidas que os Jag Panzer.
Nota: 6/10
Review por Nuno Babo