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Entrevista aos Peste Negra



Perante a crise pandémica houve quem se inspirasse na podridão social, bebesse desse veneno e o propagasse para a música! Pois é, estas pestes algarvias estão a contaminar a malta com consciência social e espírito revolucionário, por isso acho que desse veneno devereis beber! De identidades ocultas, para além da doença espalham um grande mistério em contraste com a nossa sociedade actual que se expõe a todos os níveis incessantemente. Com o EP de estreia lançado a 10 de março deste ano 2023, gravado e produzido pelo Sebastian na Leviathan Recording Studios, e, com o LP no forno a fervilhar, a Metal Imperium não quis deixar de saber mais sobre esta infecção nefasta!

M.I. - Qual a origem dos Peste Negra? Como é que tudo começou?

Os Peste Negra surgiram em Setembro de 2021, após o guitarrista da banda ter composto alguns temas em casa e enviado para o vocalista. 
Já tínhamos tido alguns projetos e o bichinho de voltar a ter um novo andava sempre presente.
Sendo assim, numa noite de verão com um calor infernal, estas duas “pestes” (amigos de longa data) combinaram uma noitada de copos e no final da noite resolveram formar oficialmente o projeto.


M.I. - Porquê Peste Negra?

Como nos formamos em tempo de pandemia achamos apropriado dar esse nome à banda uma vez que não seria muito indicado chamarmo-nos coronavírus optamos por Peste Negra. Atenção que a noite de copos foi feita nos parâmetros de confinamento, não andamos por aí feitos malucos a furar regras tipo Festa do Avante.


M.I. - De onde surgiu a ideia de manterem as vossas identidades em segredo? Esse conceito veio para ficar?

As identidades secretas dos elementos servem para associar a imagem ao nome da banda, dar um toque mais 'dark' ao conceito. 
Basicamente queremos retratar a sociedade em que vivemos, a qual é bastante negra. As pessoas hoje em dia vivem alienadas, quase ninguém conhece ninguém. É uma peste onde não existe cura possível. 
Por outro lado, a nossa identidade não é o mais importante, apenas queremos continuar a espalhar a peste. E também pensamos que as nossas famílias não aprovariam este tipo de música se descobrissem que fazemos isto. Por isso o conceito veio para ficar.


M.I. - É importante para vocês continuar a compor só em português? Porquê?

Estamos em Portugal e sabemos que as bandas de metal neste país têm pouca relevância ou nenhuma no nosso país quanto mais além-fronteiras. Por isso optamos por escrever na nossa língua materna. Bandas a cantar em inglês há por aí aos centos e com um sotaque manhoso por vezes. O português é a nossa língua, e de momento, apenas queremos escrever letras em português.


M.I. - Como definem a vossa música e quais as vossas maiores influências?

Não nos enquadramos em nenhum género, isso deixamos para avaliação dos especialistas de música.
Pudemos dizer que as nossas músicas são repletas de barulho maquiavélico, ensurdecedor e caótico, como se tratasse de um soco nos dentes. Não conseguimos encontrar uma outra definição. 
Quanto a influências vai desde um Quim Barreiros até um GG Allin, por exemplo. Outras influências sem serem musicais, muito fácil. Basta ligar a TV e colocar nos canais de notícias, só com informações de merda que nos contaminam 24 horas por dia. As nossas letras retratam essa podridão.


M.I. - Em que consideram que causam mais impacto e onde se diferenciam no Death Metal em Portugal?

Não nos queremos diferenciar de ninguém, apenas queremos fazer a nossa cena, irmos para o estúdio gravar e ficarmos satisfeitos com o produto final.
Não estamos em competição com ninguém no panorama musical. Fazer música e ter uma banda não é uma competição dos Jogos Olímpicos.
Talvez onde temos mais impacto será nas letras das músicas. Pois nelas retratamos de uma forma dura e crua a realidade na qual vivemos. Esta é a imagem pela qual nos demos a conhecer nos videoclipes que já lançámos.


M.I. - Existe o objetivo de uma projeção internacional da banda ou não estão a trabalhar nesse sentido?

Não existe esse objetivo por agora. O nosso objetivo por agora é mostrar a nossa música a quem nos quiser ouvir, o resto vem por acréscimo se vier. 
Não estamos a fazer grandes planos porque já andamos neste mundo há um tempo e sabemos perfeitamente as (não) oportunidades que as bandas de metal em Portugal têm e a cultura musical que existe no nosso país. 
Como temos as músicas nas plataformas digitais, até onde a língua de Camões viajar, que nos ouçam.


M.I. - No seguimento do vosso EP, podemos contar com o álbum? Previsões?

Estamos a preparar mais oito temas para serem gravados. Todos já em pré-produção e em breve entraremos em estúdio. Iremos lançar singles e depois juntar todos num LP para lançar nas plataformas digitais. Por isso “Pestes”, fiquem atentos.
Não vamos lançar nada físico desta vez, pois como edição de autor os fundos são escassos e o retorno é pouco.


M.I. - E concertos? Poderemos vê-los atuar em breve?

Os concertos não são da consensualidade de todos os membros da banda. Há quem não quisesse ir para essa esfera de exposição musical, mas a maioria quer. Então como ainda vivemos em democracia, sim talvez lá para 2024 daremos um concerto para ver como a coisa corre em termos de aceitação ao vivo.
Neste momento estamos mais focados no LP, apesar de já  termos recebido propostas para atuações, decidimos que a prioridade será primeiro lançar um álbum de longa duração.


M.I. - O que vos move para dar continuidade ao vosso projeto perante o escasso apoio à cultura (principalmente a bandas de originais) em Portugal?

O que nos move é o pouco dinheiro que conseguimos juntar para ir para estúdio gravar as nossas faixas. O que nos move é a música. Algo que todos os elementos fazem como hobbie, algo que todos gostamos desde muito novos e nos mantém vivos e com alguma sanidade mental.
É aquela teimosia de criar música de que gostamos, para que depois as possamos disponibilizar nas plataformas musicais e eventualmente em palco um dia destes, isso é o que nos faz mover.


M.I. - Que sugestões gostariam de deixar para aqueles que gostariam de trilhar um caminho como o vosso?

É um caminho fodido, façam-no por amor à camisola. Se gostam de tocar, façam-no, apenas isso!

Ouvir Peste Negra, no Youtube

Entrevista por Clara Nunes