É inevitável ouvir Drakon Ho Megas e não os comparar com os seus compatriotas gregos Rotting Christ. Começando pela voz de Lord Nero e até a própria sonoridade da banda no geral é bastante semelhante àquilo que os já referidos colossos do Metal Helénico faziam em meados dos anos 90, naquele período pré-gótico de onde saíram discos como “Non Serviam” e o “Triarchy Of The Lost Lovers”.
Da mesma forma, é igualmente inevitável ouvir Drakon Ho Megas e notar as diferenças entre as duas bandas, que até são bastantes. A primeira, e mais óbvia de todas, é que os Drakon não seguiram a rota dos Rotting Christ e não incorporaram sonoridades étnicas, mantendo-se por uma abordagem sinfónica suave como um apetrecho ao black metal que desenvolvem. A outra está associada ao dito black metal: enquanto que os seus congéneres optam por incorporar elementos do Heavy Metal ou, nos casos mais recentes, ritmos tribais para beneficiar a atmosfera negra e ritualista que bem os caracteriza, os Drakon Ho Megas cingem-se a um black metal extremamente harmonioso, rico em melodias de guitarra que coexistem muito bem com a contínua descarga de ferocidade, chegando mesmo a atribuir uma textura muito mais melodiosa a todo o produto em si.
Após todo este texto, ao chegarem até aqui devem estar a questionar-se: “até agora só se compara uma banda com a outra. E a review ao disco?” Ao que posso responder que está tudo sumariado nos primeiros dois parágrafos do texto. Se alguém apresentasse os Drakon Ho Megas como um projecto paralelo de Rotting Christ ninguém ficaria surpreendido. Aliás, se este disco tivesse saído em 1995 por essa mesma banda, ninguém ficaria surpreendido também. E é essa semelhança, ou inspiração descarada, que pode vir a pesar neste lançamento e também na identidade dos Drakon Ho Megas. E é isso totalmente mau? Nem por isso.
Ouvindo este “Έλευσις Αντίχριστου” por mais que uma vez, o ouvinte tem uns excelentes 40 minutos de um black metal altamente acessível e de muito agradável audição. As melodias são realmente cativantes e os elementos sinfónicos misturam-se com uma grande subtileza (excluindo obviamente o tema-título, cujo primeiro minuto faz parecer que vamos ouvir um álbum de Summoning), fazendo com que todo o disco esteja envolto na sua própria atmosfera. Juntando um conjunto de 7 temas com identidades muito bem definidas, dá-nos a receita para um álbum muito coeso e que vai puxar a várias revisitações.
No Futuro, talvez fosse positivo para os Drakon Ho Megas não espelharem tanto as suas influências na sua música, mas se o quiserem continuar a fazer mantendo a qualidade que aqui apresentam, bem o podem fazer, pois se este álbum fizesse parte do catálogo dos Rotting Christ, seria sem dúvida, um dos melhores na já longa carreira desses veteranos.