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Reportagem: Mötley Crüe, Def Leppard e The Quartet Of Woah! @ Passeio Marítimo de Algés, Lisboa – 23.06.2023


Foi uma tarde/noite de música com a capacidade de nos transportar no tempo. Esta digressão conjunta de dois dos pesos pesados do hard n´heavy tinha tudo para nos fazer recuar até à década de 80 e 90, com temas que marcaram uma geração e que continuam a conquistar fãs. The World Tour, assim se chama esta digressão que se encontra a percorrer a europa, depois do sucesso obtido no continente americano. Oportunidade para testemunhar a estreia da banda de Los Angeles em Portugal e assistir ao regresso dos Def Leppard, 25 anos depois da sua passagem pelo nosso país. Convidados nacionais para este evento, The Quartet Of Woah! (TQOW).

Existem muitas bandas portuguesas a merecer a exposição que um evento desta magnitude confere. Os TQOW são sem dúvida uma delas e o quarteto soube aproveitar muito bem a oportunidade concedida para entreter, enquanto mostrava a sua sonoridade stoner, psicadélica, aos milhares de pessoas que se encontravam no recinto pelas 18h30. A banda começou a sua atuação com um tema mais calmo, mas logo conquistou a atenção de todos os presentes quando começou a apostar em músicas mais ritmados, onde não faltou “As In Life”. Boa atuação da banda nacional que não se intimidou com o tamanho do palco nem com a multidão que tinha à sua frente.

Foram necessárias mais de duas décadas para que os Def Leppard regressassem a Portugal, mas valeu a pena esperar. A banda de Joe Elliot e companhia continua bem oleada e trazia um setlist com todos os clássicos que o público deseja ouvir. Antes disso houve um countdown de 15 minutos que passou ao som dos The Who e de “Heroes”, de David Bowie, aqui numa cover dos próprios Def Leppard. Só então a banda surgiu em palco, ainda em plena luz do dia, para tocar “Take What You Want”. A primeira explosão de alegria deu-se com o tema seguinte, “Let´s Get Rocked”, que foi o inicio de uma viagem pelos temas mais emblemáticos da banda inglesa e eles são muitos. Nomeadamente aqueles que fazem parte de Hysteria, álbum de 1987, que reúne clássicos como “Animal”, “Armageddon It” e “Love Bites”. 
Numa das vezes em Joe Elliot se dirigiu ao público, lamentou a longa ausência e aproveitou para dizer que durante a pandemia a banda não esteve parada. “This Guitar” era a prova disso mesmo e foi interpretada de forma diferente, com um início acústico, tal como aconteceu com “When Love and Hate Collide”. Novidade foi mesmo o solo de bateria de Rick Allen, durante a instrumental “Switch 625”. A sua bateria adaptada e a sua agilidade permitem-lhe a proeza. A partir desse tema, dificilmente se podia pedir uma despedida melhor. Ela foi feita com “Hysteria”, “Pour Some Sugar On Me”, “Rock Of Ages” e finalmente, “Photograph”, com imagens de fotos a surgirem nos ecrãs gigantes, onde se podiam ver, por exemplo, o saudoso Steve Clark e Rick Allen antes do acidente.

Apetece-me dizer que a banda que encerrou a noite era aqui o que menos importava. Foram os Mötley Crüe, mas se fossem os Def Leppard o resultado não seria muito diferente, são dois gigantes. Esta estreia em Portugal da banda de L.A. não trazia a lenda Mick Mars na guitarra, em seu lugar veio o “feiticeiro” John 5. Perdeu-se a hipótese de ver a formação com mais misticismo dos Mötley Crüe, mas John traz outra energia à banda, o palco é todo dele. Quem também os acompanha nesta tour, são duas bailarinas/coristas com, digamos, muita saúde. A dupla desviou inúmeras vezes para si a atenção com as danças sensuais que realizou. Quanto à música, bem, foi um descarregar de clássicos desde o principio ao fim. Nenhum dos temas era desconhecido para os presentes. 
Vince Neil, ora com guitarra, ou dedicando-se apenas às suas funções de vocalista lá foi pedindo a ajuda do público para cantar os refrões dos temas, algo que este não se escusou a fazer. Numa das poucas paragens durante a atuação, perguntou também se todos tinham assistido ao filme The Dirt, que foi o mote para uma das músicas mais recentes da banda, escrita precisamente para esse filme. Seguiu-se um solo de guitarra que encantou todos, para se entrar num medley que concentrou algumas das influências da banda. Este foi composto por “Helter Skelter” dos The Beatles, “Anarchy in the U.K.” dos The Sex Pistols e “Blitzkrieg Bop” dos The Ramones. Tommy Lee ainda está em grande forma, não só na bateria, mas também no piano. Foi com ele que iniciou “Home Sweet Home”. Nikki Six também se mostrou muito comunicativo, chamando até duas jovens ao palco para que tirassem uma selfie com ele. Se há um tema que vem logo à cabeça das pessoas quando se fala em Mötley Crüe, este deverá ser “Girls, Girls, Girls” e como enorme hit que é, foi guardado para o final do espetáculo, assim como “Primal Scream” e “Kickstart My Heart” que finalizou esta atuação de quase duas horas. Não houve lugar a encore, as grandes “malhas” já tinham sido todas tocadas.

Esta foi mais uma grande noite para os fãs de hard n´heavy. O recinto do Passeio Marítimo de Algés estava bem cheio, o que diz muito do sucesso deste evento.


Texto por António Rodrigues
Fotografias por Igor Ferreira
Agradecimentos: Everyting Is New