Quase quatro anos após a passagem pelo festival V.O.A., os While She Sleeps regressaram a Portugal para um concerto em nome próprio na capital do nosso país. A sala escolhida foi o L.A.V. que quase foi pequena para acolher todos os que quiseram fazer parte desta Sleeps Society tour. A primeira parte do evento fez-se com música nacional, através dos Nowhere To Be Found (NTBF).
A banda da Ericeira estava agradada com este convite para abrir para os While She Sleeps e tinha razões para tal. Talvez não esperasse era encontrar uma sala tão bem composta logo ao início da sua atuação, mas o público acorreu - na sua maioria - atempadamente, conferindo aquele ambiente para o qual todos os músicos anseiam por tocar. Os NTBF agarraram bem esta oportunidade e souberam entreter devidamente a audiência, desde logo com um intro deveras original, como se de uma viagem de avião se tratasse, só que neste caso, os voos eram outros. “Closer” e o novo single “Medicate Me” foram apenas alguns dos temas de metal alternativo que puseram a claro a qualidade deste quarteto, não só ao nível da composição, mas também na forma descontraída como estiveram em palco. O culminar do concerto de 50 minutos -que até teve um wall of death original, que culminava em abraços- foi feita com “Traverse”.
While She Sleeps em Portugal, desta vez com “Loz” Taylor novamente encarregue do microfone. Este último trabalho de 2021 está a ser um autêntico sucesso e a sua reedição de luxo no passado ano é uma prova disso mesmo. Sendo que esta tournée incide sobre esse mesmo álbum, Sleeps Society, nada melhor do que começar por esse tema homónimo. Bastaram apenas alguns segundos para que a primeira wall of death da sua atuação se materializasse. Por esta altura já a sala estava praticamente cheia e cantava a plenos pulmões todas as músicas, nenhum tema parecia ser estranho às centenas que assistiam. Os britânicos tinham o público na mão e este respondia em conformidade ao que lhe era pedido. Assim, quando interpretaram “Four Walls”, lançaram o desafio a todos os presentes para ligarem as luzes dos seus telemóveis, assim como tomarem alguém nos ombros. Taylor também tinha uma surpresa para todos, de forma decidida subiu ao balcão da sala e destemidamente lançou-se para a audiência. A altura é razoável o que faz com que esta “proeza” não esteja ao alcance de todos.
Este concerto não teve momentos mortos, bem pelo contrário, esteve sempre em alta rotação. Houve, no entanto, temas que pareciam puxar ainda mais pelo público. “Hurricane” foi uma dessas músicas, daquelas que até parecem ficar mais curtas devido à forma como são descarregadas sobre a audiência. Depois de “Silence Speaks” havia quem não acreditasse que já tudo tinha acabado, mas a banda tinha na verdade abandonado o palco. Estava na altura de o público chamar os britânicos de volta e este soube fazê-lo, vendo o seu esforço ser devidamente recompensado. “Enlightenment(?)” e “Systematic” puseram então fim a uma atuação de 75 minutos de metalcore que não deixou ninguém indiferente.
Texto por António Rodrigues
Fotografias por Rita Almeida
Agradecimentos: Prime Artists