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Reportagem: Glenn Hughes @ Casino do Estoril – 10.05.2023


O evento ocorreu no Casino do Estoril e proporcionou um jackpot na sua sala menos suspeita. Quem esteve no Salão Preto e Prata para assistir ao concerto do Senhor Glenn Hughes saiu de lá seguramente mais rico, pelo menos de espírito. Foram quase duas horas de atuação onde o rock foi rei e não estamos a falar de um rock qualquer, mas sim daquele que já ninguém faz, pelo menos com aquela qualidade.
O motivo para esta tour são os 50 anos do mítico álbum dos Deep Purple: Burn. Glenn Hughes foi peça essencial nesse mesmo trabalho, assim como nos dois seguintes e por essa razão pudemos assistir à interpretação de temas das formações que ficaram conhecidas para a história por Mark III e Mark IV.

Pouco passava das 21h00 quando o quarteto subiu ao palco debaixo de aplausos. A alegria que o público sentia parecia ser semelhante à que se percebia no rosto do britânico. De facto, ele próprio revelou que incluir Portugal nesta tournée tinha sido uma exigência sua e logo para duas datas. Esta no Casino do Estoril era então a primeira e começou com estrondo. “Strombringer” foi o tema escolhido para dar início a esta noite mágica e provou ser o acertado. “Might Just Take Your Life” foi o seguinte e logo se comprovou que iriamos ter muitos daqueles gritos agudos, tão característicos de Glenn Hughes.
Quem pensou que o concerto pudesse pecar por curto, por se focar no álbum Burn, enganou-se. Alguns dos temas foram interpretados à semelhança do que aconteceu no mítico álbum ao vivo, Made In Europe, e esticaram, esticaram… o primeiro deles foi “You Fool No One”, que pelo meio teve um pouco de “The Mule”, um solo de guitarra de Soren Andersen a ir ao encontro do estilo de Ritchie Blackmore, também “Highball Shooter” e ainda um solo de bateria que foi qualquer coisa de maravilhoso. Ash Sheehan não é apenas um baterista, é também um malabarista. O seu solo contou com a utilização da sua boina e até com água, acreditem.

Os lugares para este concerto eram todos sentados, mas existem temas em que essa posição não é compatível. Quando se ouviram os primeiros acordes de “Mistreated” todos se levantaram e assim permaneceram, aplaudindo e cantando até ao fim desse verdadeiro hino ao rock. Estávamos a chegar aos temas da fase Tommy Bolin e os escolhidos foram “Gettin´Tighter”, “This Time Around”, dedicada a Bolin e a John Lord -e talvez por isso interpretada apenas pela voz de Glenn e o Hammond de Bob Fridzema- e por fim, “You Keep On Moving”.
A banda ainda deixou o palco, mas não enganou ninguém. Todos os presentes sabiam que a música “Burn” tinha forçosamente de ser interpretada. Quando regressaram já não eram um quarteto, mas sim um quinteto. Jimmy estava encarregue do baixo de Glenn Hughes para que este se pudesse dedicar apenas ao microfone. Entre o público, já ninguém estava sentado. O primeiro tema escolhido para o encore foi “Highway Star”, que se revelou uma verdadeira cereja no topo do bolo, não porque Glenn não o tivesse cantado inúmeras vezes, mas por não pertencer à sua fase nos Deep Purple. Novamente na posse do seu baixo, e para encerrar com chave de ouro, chegou então a vez da tão aguardada “Burn”, com toda a sala a cantar e a mover-se ao ritmo da música.
Glenn Hughes, que é a simpatia em pessoa, deixou então o palco não se cansando de agradecer e com uma promessa que esperamos ver cumprida. A de regressar no próximo ano. Vamos aguardar ansiosamente por isso, se possível acompanhado por estes mesmos músicos de excelência que formam a sua banda atual.


Texto por António Rodrigues
Fotografias por Sabena Costa
Agradecimentos: UGURU