Os Conception reuniram-se em 2018, lançaram um EP e, dois anos depois, editaram o álbum de regresso. Estavam prestes a tocar em Portugal quando a pandemia chegou ao nosso país, tendo impedido os concertos que estavam marcados de se concretizarem, inclusive o desta banda norueguesa, na qual se destaca o famoso vocalista Roy Kahn (ex-Kamelot). Depois de sucessivos adiamentos devido à Covid-19, finalmente, esta banda de metal progressivo pôde tocar para os fãs na sala Lisboa ao Vivo.
A banda de Viana do Castelo, Vircator, foi convidada para a abertura do espetáculo e deu boa conta do recado. Com uma sonoridade completamente distinta e bem menos tradicional do que a praticada pelos Conception, não era a banda mais provável para iniciar esta noite, mas a sua indubitável qualidade musical foi suficiente para conquistar uma razoável dose de aplausos por parte dos presentes. O post-rock sempre instrumental apresentado pelo quarteto deu um colorido diferente à noite e uma oportunidade a quem ainda não os havia visto ao vivo de os conhecer. O grupo já possui quatro álbuns, tendo aproveitado para tocar o novo "Bootstrap Paradox", numa das não muito frequentes passagens por Lisboa. A banda revelou estar grata aos Conception e à produção pela oportunidade de participar no espetáculo.
O grupo de Roy Khan trouxe-nos um alinhamento extenso, de uma dezena e meia de temas, dividido entre oito clássicos e sete temas dos seus mais recentes registos: quatro de "State of Deception" (2020) e três do EP "My Dark Symphony" (2018). Portanto, um conjunto de temas bastante equilibrado entre os "antigos" e os "novos" Conception. "Novos" é maneira de dizer, porque os músicos são os mesmos da era antiga; a música é que é um pouco mais melódica e menos progressiva, em geral, do que nos álbuns antigos. A qualidade instrumental de músicos como o excelente guitarrista Tore Østby continua lá e Roy Khan, apesar de já não estar no seu auge, ainda se encontra em forma muito apreciável, talvez mais contido em termos teatrais do que o vocalista que marcava a diferença nos Kamelot. Logo no final do segundo tema, "A Virtual Lovestory", Khan referiu que a banda esperou tanto tempo para estar em Portugal. Em seguida, um fã muito entusiasta que estava nas filas da frente começou a gritar "Conception" sozinho, o que incentivou alguns dos fãs a acompanhá-lo nesta demonstração de apreço. Também não poderiam faltar as baladas, que são uma das especialidades do vocalista. Se "The Mansion" deixou isso evidente, a "Silent Crying" em versão acústica foi um dos momentos da noite, com Roy Khan a brilhar e muitos espectadores a acompanharem vocalmente essa música. Já em "Sundance", toda a banda pôde brilhar em formato acústico. "Feather Moves" até não é uma das melhores músicas de Kamelot, mas tornou-se um momento muito agradável também, com Roy Khan a descer do palco e a percorrer o público enquanto cantava. Já "She Dragoon", além de ter sido uma das músicas do disco mais recente que melhor resultou ao vivo, teve direito a Tore Østby, pouco depois de ter sido desafiado por Khan a fazê-lo. Para o final ficou o tema-título "My Dark Symphony" e a incontornável e pesadona "Roll the Fire", que levou os fãs a cantá-la efusivamente.
Esta foi uma bela maneira de terminar um concerto muito agradável, protagonizado por uma ótima banda que não teve a sala 2 do Lisboa ao Vivo cheia, longe disso. Estava meia casa, mas os fãs da banda não terão saído defraudados por esta prestação. Esperemos que agora que o grupo regressou aos álbuns e está a dar concertos, continue no ativo, porque ainda tem boa música para dar e vender.
Texto por Mário Rodrigues
Fotografias por Tânia Fidalgo
Agradecimentos: Prime Artists