Depois de terem estado em Portugal pela última vez e fevereiro de 2018, os Comeback Kid regressaram a território nacional para cumprir três datas, em três cidades: Porto, Lisboa e Loulé. Em Lisboa, o local escolhido foi o RCA Club, em Alvalade, e o suporte ficou a cargo dos Dead End e dos Besta.
Numa terça-feira à noite em Alvalade, sabemos que a coisa promete quando estamos praticamente meia hora à procura de um lugar para estacionar o carro. Isto para dizer que não era só lá fora que se adivinhava difícil encontrar um lugar vazio. Chegando ao local, a fila à porta não existia… lá dentro, era impossível contar tanta cabeça. A temperatura dentro do RCA era capaz de ferver água em poucos minutos.
Os Dead End foram a banda que abriu as hostilidades nesta noite de hardcore (e não só) puro e duro. Uma atuação à imagem da banda, carregada de energia e uma autêntica explosão de hardcore, cuja onda de choque não afastou os presentes da frente do palco. Uma atuação brutal - das melhores que já assistimos deles - e um André (vocalista) que dominou o palco por completo. O público, esse, ajudou muito, ou não fossem os Dead End das bandas mais requisitadas atualmente no underground português, no que a hardcore diz respeito. A cereja no topo do bolo foi a cover de “Drunfos”, de Allen Halloween, que arrancou uma autêntica explosão de mosh, stage dive e sing-a-long no meio do público presente.
Seguiram-se os Besta, que fizeram questão de não dar o mínimo de descanso ao público presente! O quarteto é uma autêntica máquina debulhadora e o seu vocalista é o espelho da banda! O seu grindcore são as lâminas que desfazem tudo e todos à sua passagem, tal qual um serial killer num filme de terror slasher dos anos 80. Uma energia inesgotável e um grindcore rápido e pesado, capaz de satisfazer até o público mais exigente. Num cartaz onde 2/3 são hardcore, os Besta foram uma adição perfeita, pois permitiram muito mais variedade (tanto sonora, como também no público presente) e possuíam a energia certa para que o público não tivesse tempo para abrandar o ritmo antes de receber os cabeças-de-cartaz.
Para o fim ficaram aqueles que eram a banda mais aguardada da noite: os Comeback Kid. E muito pouco fica por dizer sobre a atuação dos canadianos. É hardcore na sua verdadeira essência, é a fusão da banda com o público, é a entrega, o espírito dessa união… Poli Correia, vocalista de Devil In Me, também subiu ao palco para um feat, o que só abrilhantou ainda mais este espetáculo que se deu dentro do RCA. No final, quando todos abandonavam o local, a expressão estampada no rosto daqueles que marcaram presença não escondeu que esta noite perdurará muito tempo na sua memória.
A Hell Xis a provar mais uma vez que o hardcore não está morto e a proporcionar mais um grande concerto, com grandes bandas, em território nacional. Segue-se Loulé e adivinha-se outra bonita história para se contar, desta vez com o apoio de M.E.D.O. e Deadly Mind.
Texto por Ricardo Moita
Fotografia por Ana Mendes
Agradecimentos: HellXis