A segunda data em Portugal para esta passagem de Nick Oliveri em nome próprio, aconteceu em Lisboa, mais propriamente no Village Underground. Quem assistiu pôde ouvir alguns dos temas que fazem parte da vasta carreira do músico norte americano, tocados em formato acústico. A abrir o evento tivemos ainda direito a uma atuação de 30 minutos por parte dos damn sessions.
O quinteto lisboeta não perdeu a ocasião para apresentar temas que iram figurar no próximo trabalho. Dando muita importância aos pormenores - basta para isso ver como estava decorado o palco (abat jours, mesas de apoio…) -, os seus temas são versáteis, não só em termos instrumentais, mas até na língua escolhida em que são cantados. Ela pode ser o português, mas também o inglês ou o castelhano. O certo é que em qualquer uma delas podemos contar com a rouquidão da voz de Pedro Pereira. “Pure Malt” provou mais uma vez ser um excelente tema, de uma grande banda. O concerto terminou com as mais musculadas “Shake It” e “Raga”, com o público a pedir mais, enquanto a banda abandonava o palco.
Embora não seja raro, não acontece todos os dias um artista apresentar os seus temas de forma tão crua, sem a habitual parafernália de instrumentos, samples e afins, tudo aquilo que lhes confere maior preenchimento. Esta noite era apenas Nick Oliveri e a sua viola acústica, assim, sem medo. Praticamente 10 minutos após a saída dos damn session já Nick fazia o seu rápido soundcheck ao som de “Green Machine”. Havia quem pensasse que o concerto já tinha começado, mas ele deixou claro que ainda voltaria àquele tema mais à frente. O primeiro da noite foi mesmo “Bad Boy 4 Love”, para uma boa centena de pessoas que se juntavam à volta do músico, tornando este concerto bastante intimista. A simpatia de Nick era contagiante, encetando mesmo alguns diálogos com os fãs enquanto tocava temas de muitos dos projetos em que esteve e está envolvido, quer sejam os Dwarves, Kyuss, Mondo Generator, ou mesmo os Queens of the Stone Age, donde foi buscar “Auto Pilot”, dedicada a Mark Lanegan e uma das mais aplaudidas da noite.
Com um setlist com muita abertura ao improviso e à inspiração do momento, houve até espaço para atender ao pedido de alguns fãs. Foi o caso de “Anything that Moves” dos Dwarves, combinada entre um ou dois shots. No que diz respeito às covers, Roky Erickson surgiu como preferência nas escolhas de Nick para esta noite. “Goodnight, Motherfucker” seria a escolha perfeita para concluir a atuação mas houve ainda tempo para uma versão (a capella) de “Six Shooter” e, novamente com a sua viola, “Love as Passed me By”.
50 minutos de música numa atuação que fugiu ao que estamos habituados a assistir num concerto de rock. Esta era mesmo para os fãs, os autênticos e talvez por isso tenha sido tão especial, com todos os temas a serem fortemente sublinhados por aplausos.
Texto por António Rodrigues
Agradecimentos: Ride the Snake
