Foi um regresso a Portugal em grande a dos veteranos GBH. Para quem se identifica com a sonoridade punk original de Inglaterra, não precisa de procurar mais. O quarteto de Birmingham tem o seu nome bem cunhado entre outros gigantes da cena punk britânica e continua a dar cartas, tal como ficou provado uma vez mais. A acompanhá-los nesta deslocação a Lisboa estiveram os Bladders, que se juntaram aos Crab Monsters como bandas de abertura.
Foi a banda de Castelo Branco a dar início a este evento e de que forma o fez. “Stage Chaos” demonstrou logo que os Crab Monsters iriam aproveitar da melhor forma os 30 minutos a que tinham direito. Quem já assistiu a um concerto dos Crab Monsters sabe do que estou a falar. Músicas curtinhas, nada de tempo perdido entre as mesmas, uma descarga de energia que não está ao alcance de todos os músicos, nem mesmo dentro deste género musical. Claro que não faltaram temas como “Rock n´Roll”, “Piss Wizard” e “Naked Alive”. Quando falamos de atitude, esta banda tem-na toda!
Convidados para estas 3 datas no nosso país, os Bladders brindaram-nos com o seu hardcore melódico. Sempre em alta rotação, o público presente, que era já superior a meia casa, deixou-se desde cedo contagiar pela sonoridade do quarteto espanhol. Curiosidade, ou talvez não, com exceção do baterista, todos os elementos cantam, não havendo um que se assuma como principal nessa função. As vocais estão assim entregues aos dois guitarristas e ao baixista. A banda focou-se nos seus álbuns Takking Off e Loin, tendo ainda tocado uma cover dos NOFX. Por esta altura, apesar de o mosh já se ter apoderado do público que se encontrava mais perto do palco, foi talvez o tema “Ode Punk Folk” o que mais agradou a todos. “Bladders” foi o último tema do quarteto espanhol, uma banda que cumpriu devidamente o seu propósito para esta noite.
Esta passagem dos GBH pelo nosso país quase nos fez sentir espanhóis. Na verdade e ao contrário do que comumente acontece aos nossos vizinhos, não é habitual uma banda desta dimensão agendar 3 datas no nosso país. Os GBH fizeram-no e ainda bem. Quem se deslocou ao RCA nesta noite pôde ver a banda inglesa que conta agora com mais de 4 décadas de atividade, o que é uma data assinalável. Tal como os 40 anos do mítico álbum “City Baby Attacked by Ratts”, que deu o mote para esta tour. Não foi por isso de estranhar que tenha sido tocado quase na integra, para gáudio de um RCA praticamente cheio. “Time Bomb” e “Sick Boy” foram um arranque fenomenal para a banda dos dois Colins que, apesar da idade de todos os elementos, mostrou que o quarteto está em forma. O vocalista demonstrou-o através dos exercícios feitos com o seu microfone e o respetivo suporte, afinal, a idade é apenas um número, tal como ele referiu. Nas poucas paragens que se deram, A. Colin aproveitou para agradecer ao público presente e dedicou “I Never Asked for Any of This” a todos os que estão, ou estiveram numa banda e “Generals” aos heróis ucranianos. Este foi mais um daqueles concertos em que o tempo parece voar. A ponta final levou-nos novamente a City Baby Attacked by Ratts, para o tema título do álbum e também “City Baby´s Revenge”. Com exceção do baterista, toda a banda deixou o palco para logo regressar. O tradicional encore não podia faltar e ele foi composto por “Liquid Paradise (The Epic)” e um presente na forma de “Bomber”, original dos Motorhead que não podia ter sido mais bem recebido.
Os GBH foram-se embora com a promessa de voltarem em breve. Esperemos sinceramente que sim para que noites como esta se repitam!
Texto por António Rodrigues
Agradecimentos: HellXis