Há quem atribua muita importância ao terceiro álbum de uma banda. Segundo alguns, é o álbum de afirmação, aquele que indica a sonoridade que a banda decide seguir e também o do tudo ou nada. Resumindo: tem obrigatoriamente de ser bom e sobretudo, melhor que os anteriores.É já no final de abril que Cerberus será lançado. Entretanto, os Enchantya têm avançado com alguns temas que nos indicam, de forma precisa, com o que podemos contar. Primeiro foi “Existence”, que começa com uma sonoridade oriental e com a voz de Rute em jeito de coro, para logo se dar uma reviravolta completa, não só no ritmo do tema como na parte vocal. Esta é mesmo uma música onde podemos perceber a versatilidade existente na voz de Rute Fevereiro.
O segundo single foi “All Down in Flames” e deve-se aqui referir que este tema não deve ser separado de “Karma”, o anterior, que lhe serve de introdução. A passagem de uma música para outra é feita de forma magistral e confere um início de audição brutal para este álbum, já que falamos dos dois temas iniciais. Mal comparado, podemos referir “The Hellion” e “Electric Eye” dos Judas Priest, como outros dois temas que não devem nunca ser ouvidos isoladamente.
Mais recentemente a banda disponibilizou para audição aquele que é o terceiro avanço para Cerberus. Falamos de “Collective Souls” que à semelhança de “Sons of Chaos” e “Alone”, talvez sejam as músicas mais “rasgadinhas” em todo o álbum. Metal melódico de enorme qualidade a todos os níveis, que tornam este Cerberus um digno sucessor de On Light and Wrath.
Mas Cerberus é muito mais para além destes temas já referidos. Escutando todo o trabalho, ficamos com a certeza de estar perante um álbum muito completo, bem imaginado, onde se deu muita importância aos pormenores. Os coros e as teclas conferem uma sonoridade muito preenchida a todos os temas, que é o que se pretende quando falamos de metal melódico/sinfónico. As músicas não se tornam repetitivas, muito pelo contrário, constroem ambientes diversos que nos fazem viajar entre a calmaria de “Prana” até à musculada “Rising Star”, num simples piscar de olhos. Outro maravilhoso tema é “Lunar Fire”, um forte candidato a quarto single -se o houver-, na minha modesta opinião.
Fernando Barroso assume-se agora como único guitarrista, o que será um problema facilmente ultrapassável em espetáculos ao vivo (já no passado o fizeram). De resto, todos os elementos se mantêm do anterior registo lançado em 2019. Quatro anos foi tempo suficiente para pensar este Cerberus, não só em termos de música, mas também no artwork, vídeos e o resultado final só podia ser muito bom.
Concluindo e voltando ao tema do desafio que envolve o lançamento do terceiro álbum, dizer que os Enchantya não só o superaram, mas fizeram-no em grande estilo. Cerberus é um grande álbum de metal, de uma das melhores bandas nacionais do género.
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Review por António Rodrigues