Concerto de apresentação do álbum homónimo de um projeto musical que eu diria, necessário ao nosso underground. Foi por isso com enorme satisfação que recebemos a notícia, no final do passado ano, que a bonita voz de Isabel Cavaco estava de volta, assim como as fortes composições desta banda, que dá pelo nome de Malignea. Os convidados para esta noite especial, tinham de ser também eles especiais. Foi por isso, sem surpresa, que os Gwydion e os My Enchantment se juntaram ao cartaz.
Os My Enchantment subiram ao palco da Criarte pelas 21h10 envergando as suas habituais máscaras. A banda continua a apostar no mais recente álbum, Malebolge, de onde foi buscar os temas para a primeira parte da sua atuação e onde se destaca o single “Lex Talionis”. Saída de palco para a também habitual troca de máscaras e eis que a banda regressa pronta a visitar os seus anteriores trabalhos, primeiro com “Ira” e “Gula”, posteriormente, e para encerrar a atuação, “Inner Sanctum”, que foi dedicada a todos os presentes.
Para quem nunca visitou a Criarte, devemos informar que esta bela sala funciona com lugares sentados, o que não parece ser compatível com a sonoridade dos Gwydion. Não foi por isso de estranhar que logo ao primeiro tema, “Fara I Viking”, grande parte do público preferisse estar de pé. Foi realmente difícil permanecer quieto perante o folk metal destes “vikings” e o concerto apenas pecou por curto, mas tinha de ser assim. De salientar a quantidade de malhas que a banda tem vindo a acumular, só assim se explica o porquê de temas como “Veteran” e “793” terem ficado fora do concerto desta noite. Tivemos, no entanto, direito ao tema “Gwydion”, que, tal como o vocalista Pedro dias referiu, é um tema da banda para o público, de comunhão, tendo por isso pedido a todos que gritassem com ele “this is Gwydion”. 40 minutos que deixaram todos os presentes de apetite aguçado para o que ainda estava para vir.
Às 23h05, Isabel, Luís, Miguel, Abreu e João (outra vez), subiam ao palco da Criarte. Este já se encontrava decorado com estandartes contendo o logotipo da banda. A aposta dos Malignea na componente visual foi reforçada pelo uso de alguns adereços e até de figurantes em palco. O primeiro tema da noite foi “Maligna”, com Isabel a envergar uma máscara, enquanto segurava uma caveira. No tema seguinte, “Morte Vermelha”, inspirado num conto de Allan Poe, tivemos a própria morte em palco à procura do seu par. A apresentação do disco estava a respeitar o próprio alinhamento do álbum e foi sem surpresa que chegámos ao mais recente single dos Malignea, “Universo 25”. Seguiram-se “Farol dos Malditos” e “Sanguis Lunae” que antecederam o último tema da noite, “Cirenaica”, que foi interpretado com uma bailarina em palco, fazendo a dança do ventre e tornando esta música ainda mais especial.
Já estávamos a par da qualidade dos novos temas dos Malignea, nesta noite confirmámos também que eles resultam muito bem ao vivo. A voz de Isabel continua límpida e com a ajuda de Carla, importante vocalista de apoio que ainda não tinha sido referida, confere à banda uma sonoridade característica. As guitarras de Luís e João (hail demons), completam-se muito bem, devidamente suportadas pelo baixo de Miguel e a bateria de Luís Abreu. Por último e não menos importante, importa referir que esta banda constrói as suas letras em português, sem medo, com as dificuldades que todos sabemos que tal esforço acarreta. Este foi o primeiro concerto, de uma série de tantos outros que a banda tem já agendados para a divulgação do seu álbum de estreia. Se perderam o evento desta noite, poderão apanhá-los mais à frente, numa outra sala.
Texto por António Rodrigues
Fotografia por Rita Almeida
Agradecimentos: Malignea