Ambiente de festa, é o mínimo que se pode dizer do que acontecia no interior e imediações da Sala Tejo. A expetativa era na verdade imensa. Os Bring Me The Horizon (BMTH) têm uma legião de fãs enorme (isso ficou percetível pela sua última passagem pelo nosso país), daqueles que qualquer banda gostaria de ter: dedicados e efusivos. Esta Post Human European Tour trazia ainda alguns convidados que se estreavam em solo nacional.
Com uma ainda curta carreira, coube aos Static Dress darem início à noite musical. Com apenas um álbum editado, Rouge Carpet Disaster, estes ingleses nem teriam precisado de se esforçar muito para agarrarem a meia casa que se verificava por esta altura. No entanto eles fizeram-no, descarregando energia logo com o tema de abertura, “Disposable Care”, até “Clean”, que encerraria a sua atuação. Banda jovem, com atitude, tocando pós metal core, colocando sempre bastante emoção no que fazia. Quarteto onde se destacava o mascarado guitarrista Contrast.
Quando o norte americano Poorstacy subiu ao palco com a sua banda, a sala ainda não estava cheia, mas para lá caminhava. Lembramos que este concerto estava esgotado há alguns dias. A mistura de géneros que este musico emprega na composição do seu som, tornava-o alvo de grande interesse no espetáculo desta noite. Emo, punk, rock, rap, dance… vocês escolham. O resultado agradou a quem assistiu, quer fosse a ritmada “Knife Party”, quer a calma “Where Do We Go When Leave This Place”, com o publico a iluminar a sala, quer fosse com a luz dos telemóveis, quer com a chama dos isqueiros. “Abuse Me” encerrou da melhor forma a sua atuação de 30 minutos.
Os A Day To Remember (ADTR) eram aquilo que, apesar das suas inúmeras influências, mais semelhante a uma banda punk iriamos ter nesta noite. Não é apenas a música, é também a atitude e as próprias letras dos temas que caminham nessa direção. Às 20h35 já não devia faltar muita gente entrar e todos puderam presenciar o fantástico concerto dado pela banda americana. O irrequieto quarteto deu início à sua atuação com “The Downfall of Us All” para não mais tirar o pé do acelerador. Com 20 anos de carreira, os ADTR também faziam a sua estreia em terras lusas e ficaram certamente com vontade de regressar após o concerto desta noite. Falta de entusiasmo foi o que não faltou a quem assistia. “Rescue Me”, cover de Marshmello trouxe com ela bolas de futebol que percorreram a audiência de ponta a ponta. A “melosa” “Have Faith in Me” foi dedicada ao público feminino, que estava em grande número e “Resentment” foi interpretada de forma acústica para contentamento de uns e desagrado de outros. O ritmo foi rapidamente recuperado para um final que se fez com “If it Means a Lot to You” e “All Signs Point to Lauderdale”, com rolos e rolos de papel higiénico a serem lançados para a assistência.
À medida que a hora se aproximava para o concerto dos BMTH a ansiedade aumentava e era quase palpável. O concerto da banda de Sheffield começou da melhor forma, logo com “Can You Feel My Heart” e eu posso assegurar que de todos os concertos a que assisti, este foi aquele aonde ouvi o público cantar mais alto. Impressionante. “Happy Song” deu continuidade ao momento mágico que se vivia e este só foi quebrado com o blackout vivido no início de “Mantra”, a fazer lembrar o azar vivido no último concerto realizado no nosso país. Tudo resolvido e pudemos continuar a ouvir Oliver Sykes no seu português (abrasileirado), esforçando-se por comunicar dessa forma e prometendo aprender mais. “Dear Diary” foi uma visita à sonoridade mais agressiva da banda e também ela foi bem recebida, mas a música dos BMTH vive agora muito de samples e backing tracks. Elas são usadas com mestria e são do agrado do publico, responsáveis até pela popularidade que têm adquirido. “Parasite Eve” e “Kingslayer” são um bom exemplo do que acabei de referir, apesar da melodia existente, são suficientemente pesadas para que o vocalista pedisse insistentemente moshpits. Este concerto também teve o seu momento acústico e ele registou-se com o tema “Follow You”, seguido de “Drown”, que deveria dar a noite por concluída. O encore era mais que obrigatório e ele materializou-se em “Obey”, “Sleepwalking” e a inevitável “Throne”.
Dá gosto assistir a um concerto destes. Sala cheia, público maioritariamente jovem e com muita vontade de se divertir, bandas que não querem apenas tocar as suas músicas, mas também tirar proveito do momento, divertindo-se no processo. Será que houve que tenha deixado a sala insatisfeito? Duvido.
Texto por António Rodrigues
Fotografias por Paulo Jorge Pereira
Agradecimentos: Prime Artists