About Me

Entrevista aos ...And Oceans



Os ...And Oceans estão de volta em grande com o seu melhor esforço até à data! Eles estão aqui para provar que “Cosmic World Mother” de 2020 foi o auge até o momento em que o seu novo álbum “As In Gardens, So In Tombs” foi lançado. É o som de uma banda que está a aproveitar cada momento e a dar o seu melhor em todos os sentidos. É black metal sinfónico fantástico!
A Metal Imperium teve uma interessante conversa com o Timo Kontio (guitarra) e o Mathias Lillmåns (voz).

M.I. - Em primeiro lugar, muito obrigada por dedicarem tempo para responder às minhas perguntas. A banda acha que este novo álbum supera o álbum do vosso regresso em 2020. Quais são as vossas expetativas?

Timo: Obrigado por esta entrevista! Bem, como disseste, achamos que fizemos o nosso melhor álbum até agora e estamos muito confiantes. Esperamos, é claro, fazer mais concertos, festivais e tournées. Até tournées fora da Europa.


M.I. - O álbum foi lançado há algumas semanas. Como têm sido as reações até agora? O álbum foi totalmente transmitido online e o Mathias esteve disponível para responder às perguntas dos fãs na sessão. Como correu?

Timo: Estávamos três lá. O Pyry também estava com o seu próprio perfil e eu estava com o perfil dos …And Oceans. Acho que correu muito bem. Muitas pessoas de todo o mundo. Velhos fãs e novos fãs. Foi bom conversar com todos eles.


M.I. - Logo após o lançamento do álbum do regresso em 2020, o Kontio mencionou que "... não queremos muito tempo entre os álbuns agora, estamos a envelhecer." Ainda pensam assim?

Timo: Eu posso ter dito isso e ainda é verdade. O Covid roubou-nos alguns anos. Claro que isso é algo que ninguém pode prever ou evitar, apenas tivemos que nos adaptar e agora temos de tirar o melhor proveito disso. Claro que nenhum de nós está a ficar mais jovem, mas ainda temos muitos, muitos anos pela frente (risos).


M.I. - Ser músicos mais velhos trouxe-vos mais sabedoria? As coisas são mais fáceis em relação à composição e gravação?

Timo: Talvez saibamos um pouco melhor como as coisas funcionam e podemos preparar-nos para isso. Também gosto de saber um pouco mais para onde estamos a ir com tudo. Escrever pode não ficar mais fácil quando fazes isso há muito tempo. Quero dizer, ficas mais crítico com as tuas próprias ações, e pode ser mais difícil. Talvez a gravação fique mais fácil já que aprendes alguma coisa todas as vezes que estás em estúdio.


M.I. - O que inspirou este álbum? Todos os eventos que ocorreram nestes anos amaldiçoados, como a pandemia e a guerra, afetaram de alguma forma o resultado final?

Timo: Quando a pandemia chegou, era óbvio que tínhamos que fazer alguma coisa, e decidimos fazer um novo disco. O resultado em si não é afetado pela pandemia. A guerra começou depois de termos o álbum pronto. Ficou tudo pronto em dezembro de 2021.


M.I. - A composição e gravação deste álbum foi menos stressante do que a do álbum de 2020? Quais foram as principais diferenças no processo?

Timo: Sim, foi mais fácil começar a escrever desde que deixamos aquele regresso “difícil” para trás de nós. Também o facto de que os riffs continuavam a sair com bastante facilidade. O Antti fez algumas músicas logo após o lançamento do CWM, e foi como um alerta para eu começar a escrever também.
Sem diferenças maiores na escrita. Os guitarristas fazem muitos riffs, construem e arranjam músicas a partir deles. O Antti faz coisas de teclado e até músicas inteiras e depois guitarras nelas. Finalmente, experimentamos as músicas com toda a banda a fazer os arranjos finais.


M.I. - Onde vocês se inspiraram para o título “As in Gardens, so in Tombs”?

Mathias: Tudo o que é e o que já existiu segue as mesmas leis da física, era disso que se tratava o CWM. A energia é eterna, não pode ser criada do nada e não podes destruí-la. Apenas muda de forma. No novo álbum eu vejo isso de muitos aspetos diferentes, religiosos, visões de mundo diferentes e heranças culturais diferentes. E a conclusão foi que todas as diferenças de crenças são apenas outra maneira de explicar a mesma coisa. Portanto, a ascensão de um homem ao céu na vida após a morte pode ser outra pessoa a tornar-se um com o solo em que está enterrado. Como nos jardins, também nas tumbas. Como nos Céus, assim na Terra. Como acima, assim abaixo.


M.I. - A capa tem uma arte bastante mística com as cores e design em azul e amarelo... todos os pequenos detalhes na arte estão relacionados com as letras de alguma forma? O tema do álbum está ligado à arte? Qual a importância de ter um produto acabado que esteja interligado em todos os sentidos?

Mathias: Está tudo interligado! O Adrien Bousson baseou a arte nas minhas letras e foi muito interessante ver todas as diferentes nuances nas letras a ganhar vida desta maneira gloriosa. Sempre escrevi álbuns conceptuais e é super importante que a música, as letras e a arte andem de mãos dadas. Esta experiência 100% imersiva é o que queríamos e neste álbum realmente funcionou.


M.I. - Quem o desenhou e como foi a colaboração?

Mathias: Foi incrível trabalhar com o Adrien novamente! Bem cedo no processo de composição do álbum, eu tinha algumas letras quase completas. Dei-lhe um rápido resumo do conceito e também aquelas letras com pequenas notas sobre o que elas representam e quais são os principais componentes. Depois, ele enviou-nos alguns esboços que nós, como banda, aprovamos. Por isso, enviei-lhe mais letras e ele desenhava coisas diferentes.


M.I. - O álbum possui 10 faixas sendo uma em finlandês. E as letras dos ...And Oceans são muito filosóficas, pois as letras tendem a contar uma história profunda. Quão complicado é escrever letras para a banda? Vocês partilham essa responsabilidade? Quem é o escritor principal?

Mathias: Na verdade, está em sueco! ;) Sempre escrevi de uma forma bastante abstrata, e é isso que me sai mais naturalmente! Como os ...And Oceans sempre foram conhecidos pelas suas letras abstratas, acho que o meu estilo (embora diferente) se encaixa na descrição. Eu escrevi todas as letras e fá-lo-ei no futuro também!


M.I. - Apenas o Timo e o Teemu estão na banda desde a sua formação. Quão diferentes são os ...And Oceans agora, quando comparados com a formação original? Diriam que os ...And Oceans são uma banda mais coesa agora?

Timo: Sim, existem apenas dois membros originais. Claro que já se passaram 28 anos desde o início desta banda, e muita coisa aconteceu.
Claro que somos diferentes das nossas versões de 25 anos, mas as pessoas não mudam assim tanto. Embora tenhamos novos membros, mas cada um deles é um rosto familiar e somos amigos de longa data, e a química certa está lá.
Mais coesa, sim. Nós somos uma banda muito unida agora, musicalmente falando.


M.I. - Como tem sido a experiência de estar novamente nos ...And Oceans outra vez? Superou as vossas expectativas?

Timo: Tem sido um longo período. Experimentamos algo ótimo nos anos 90, quando conseguimos os primeiros contratos de gravação e as primeiras tournées europeias, etc. Agora temos o álbum novo e tenho muitas expectativas em relação a ele. Antigamente, quando éramos mais jovens, apenas íamos na onda, sem preocupações e expectativas de nada. Talvez seja por isso que acabou assim. Nós realmente não pensávamos nas coisas além do próximo concerto ou algo assim.


M.I. - A banda tem tocado ao vivo em 2023 e parece que será um ótimo ano para tournées e concertos. Já há algum plano em relação a isso? Alguma ideia de quando é que os fãs portugueses terão a oportunidade de ver um concerto ao vivo dos ...And Oceans?!

Timo: Sim, tudo deveria estar melhor agora, mas ainda não está. O Covid e a guerra, por exemplo, aumentaram todos os custos, de modo que é realmente desafiador para as bandas ir em tournée e até mesmo viajar para o exterior.
Temos uma tournée planeada para este ano, e vamos torcer para que aconteça. Podemos ter algo nessa parte da Europa em algum momento também. Mantenham os olhos e ouvidos abertos. Nunca tocamos em Portugal. Em Espanha, tocamos em 99. Embora tivéssemos um ou dois concertos planeados para Portugal em 2001, essa parte da tournée foi cancelada. Eu até vi posters promocionais de um desses concertos. Deveríamos ter tocado com os Marduk, os Behemoth e algumas outras bandas.


M.I. - Têm algo mais que gostariam de partilhar com os nossos leitores e vossos fãs?

Timo: Por favor, ouçam o nosso novo álbum e espero vê-los nos nossos concertos.

Ouvir And Oceans, no Spotify

For English version, click here

Entrevista por Sónia Fonseca