Bem-vindos à segunda parte de Nodus Tollens. Certamente agradados com o que alcançaram com aquele que foi o primeiro ato, a que chamaram Oblivion, a banda do Porto volta à carga neste projeto que logo à partida aparenta ser arrojado, pois visa dar continuidade a um trabalho concetual, com toda a dificuldade que tal acarreta.
Segundo os mesmos, esta nova parte tem também como objetivo encerrar o projeto musical intitulado Nodus Tollens. Metal progressivo com qualidade, os 8 temas que compõe este segundo ato têm nomes adequados ao género: “Locust”, “Stolchiometric” e “Rise of Ascension” são apenas alguns deles. Nada soa aborrecido e somos apanhados por algumas mudanças bruscas, como a passagem de “The Calling” para “Devious”. A primeira tem o condão de nos adormecer, entorpecer os sentidos, a segunda é uma pura descarga de raiva.
As influências dos Sullen estão à vista e talvez por isso Derek Sherinian seja um convidado de luxo neste trabalho, contribuindo com um solo de teclado, precisamente para o tema “Devious”. A música progressiva é um lago com muito peixe graúdo, mas é precisamente aí que os Sullen pretendem nadar, sem medo. Para além do já mencionado Derek, a banda fez-se rodear de uma mão cheia de convidados, sempre com o intuito de abrilhantar ainda mais este trabalho.
Talvez seja mesmo esse grau de exigência autoimposto que os leve a não se intitularem propriamente como uma banda, mas antes como uma “força coletiva de múltiplas personalidades”, o que para muitos poderá ser exatamente a mesma coisa. É, no entanto, claro que o seu compromisso em busca de novas possibilidades musicais é levado muito a sério. É também óbvio que podemos contar com alguns temas com mais de sete minutos, típico deste género, mas numa altura em que pouco mais há para inventar, os Sullen conseguem ainda deixar-nos na expetativa sobre a nota seguinte e isso é do melhor que pode acontecer a quem gosta de ouvir música, boa música. O ser surpreendido.
Com músicos multifacetados a nível instrumental, os Sullen contam também com a voz de David Pais, capaz do mais delicado canto, assim como do grito mais roufenho. Tal como aconteceu no primeiro ato, também as músicas de Oblivion versam sobre a autossuperação, autodescoberta, uma viagem muito intimista, como podem perceber. O álbum está disponível desde o passado dia 2 de dezembro e pode materializar-se numa bela prenda de Natal (atrasada).
Nota: 8.5/10
Review por António Rodrigues