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Reportagem: Living Tales e The Yellow Dog Conspiracy @ RCA Club, Lisboa – 14.01.2023


Cria-se normalmente muita expetativa em torno de uma banda, quando ela edita um álbum que, de certa forma, sobressai de entre a imensidão de novos trabalhos que todos os dias são disponibilizados, quer seja de forma física ou digital. Persephone, o mais recente álbum dos Living Tales, é dos que sobressai. As criticas que tem recebido (inclusive aqui, na Metal Imperium), fazem com que não seja apenas mais um álbum, mas sim um dos melhores do passado ano. A curiosidade residia agora em ver como é que os temas resultavam ao vivo e este concerto no RCA foi a oportunidade ideal para o comprovar. Com convidados de luxo na primeira parte, estavam reunidos os ingredientes para uma excelente noite de música.

Os ilustres convidados que atrás mencionamos eram então os The Yellow Dog Conspiracy. Esta banda, que pareceu ganhar uma segunda vida em 2022, tem estado imparável, atuando um pouco por todo o país. Em menos de mês e meio, esta foi a segunda passagem pelo RCA, o que espelha bem o que acabei de referir. Apesar de o seu único álbum, Confrontation, ser já de 2017, ele continua a fornecer as musicas ideais para que o rock dos Yellow Dog funcione em cima do palco. Para além da abertura com “Hello My Friend” e da inevitável versão de “Another Brick In the Wall”, a atuação desta noite teve algumas surpresas, nomeadamente a inclusão de alguns temas novos e a chamada ao palco do guitarrista Josh Riot que até há pouco tempo fazia (faz?) parte da banda, antes de ser apanhado por uma Seventh Storm. O planeado era que ele tocasse “Somebody Else”, mas não mais saiu do palco. “Enough is Enough” foi o último tema da atuação dos Yellow Dog que anunciaram existir uma forte probabilidade de haver um novo álbum a caminho durante o ano de 2023. Uma palavra final para Luiz Arantes, certamente um dos melhores guitarristas a atuar em Portugal.

Chegara então a vez dos Living Tales nos presentearem com a sua música. Eram sensivelmente 22h15 quando se começaram a ouvir os primeiros acordes de “Immortal”, um dos singles extraídos de Persephone e assim que Ana Isola começou a cantar todas as suas qualidades vocais se comprovaram. Detentora de uma voz forte, cheia, interpretou temas que parecem difíceis com relativa facilidade, para além de se revelar também uma frontwoman competente, interagindo com o público sempre que o momento se proporcionava. Continuando a apresentação de Persephone, seguiu-se “Reckoning”, com todas as curvas e contracurvas que uma boa música de metal progressivo deve ter. A única visita ao anterior álbum, Mirrors, fez-se com o tema “Mirror Cage” onde deu para perceber que a voz de Ana também se adapta aos temas cantados pela sua antecessora. Instrumentalmente muito bons, era no entanto notória a falta de um teclista no palco. Todos esses sons se encontravam gravados e conferem o preenchimento necessário para que a música dos Living Tales funcione tão bem. O quarteto do Porto continuou a atuação, guardando para o fim dois outros singles retirados de Persephone: “Prodigal” e a maravilhosa “Reign”, tema com que se inicia o álbum, mas que aqui encerrou a atuação desta noite.

Merecia certamente mais público este concerto idealizado pela Ethereal Sound Works. Duas grandes bandas, dentro do panorama nacional, que proporcionaram atuações à sua altura. Sendo dos primeiros concertos deste ano, a bitola ficou já elevada.


Texto por António Rodrigues
Fotografias por Tânia Fidalgo
Agradecimentos: Ethereal Sound Works & The Yellow Dog Conspiracy