Apetece-me dizer que valeu a pena a espera. Tendo sido apontada como data de lançamento o ano de 2020, devido à Pandemia e afins, apenas agora, já na reta final de 2022, o álbum de estreia dos Brain For The Masses (BFTM) consegue ver finalmente a luz do dia.
De vez em quando surgem álbuns de estreia assim, marcantes, com o condão de surpreender e talvez até, com capacidade de agitar de certa forma o panorama musical do underground português, o tempo o dirá. Os BFTM podem não vir a ser os próximos R.A.M.P:, ou Moonspell, mas o certo é que com pouco tempo de existência enquanto banda, conseguiram compor 30 minutos de música de elevada qualidade, capazes de lhe conseguir um espacinho no já tão apertado catálogo de bandas nacionais.
São cinco os temas que fazem parte de Monachopsis. Cinco músicas de metal rasgadinho, com solos a surgirem no momento certo e a acrescentarem qualidade às composições, mostrando que o quinteto sabe fazer uso das duas guitarras. O uso de sintetizador confere aquela sensação de som sempre preenchido e a voz de Rui Monteiro que, ora grita, ora se apresenta suave e melódica, é também um sinal mais no resultado final. O tema de abertura, “Bleak”, foi o escolhido para single de apresentação para este trabalho, com direito a vídeo, inclusive. Basta escutar a música para perceber a razão. Mas podemos encontrar outros motivos de interesse em Monachopsis. Se saltarmos para a ponta final da rodela, por exemplo, encontramos algo que se assemelha a uma balada, pelo menos no seu início. “Stay Afloat” é uma malha com bastante força e talvez aquela que mais põe à prova a capacidade vocal de Rui Monteiro.
Inspirados na escrita de John Koenig, ousado escritor americano que se lembrou de inventar palavras para descrever emoções e estados de espírito que, até então, apenas poderiam ser definidos de forma mais complexa, a banda apoderou-se do termo Monachopsis. Termo esse que, segundo o dicionário do dito senhor, representa o sentimento subtil, porém persistente, de se estar fora de sítio. Não parece ser o que se passa com os BFTM. Eles mostram saber bem onde estão e para onde querem caminhar. Este primeiro álbum pode ser apenas o início de uma longa jornada, mas pela sua qualidade eu diria que é já um passo de gigante no caminho a percorrer.
Lançado no passado dia 23 de novembro, Monachopsis é realmente um grande álbum. Grande em termos de qualidade pois (e aqui surge um pequeno senão), tem apenas 30 minutos de música e 5 temas, o que o remete para a categoria de EP ou mini álbum. Nada capaz de tirar o sono a ninguém, pois como já referi variadíssimas vezes, antes um EP com 5 músicas boas, do que um álbum com 9, ou 10, em que algumas das quais são mera “palha”, para não dizer outra coisa. Vamos aguardar com relativa curiosidade o próximo trabalho dos BFTM, sendo que a fasquia está elevada neste momento.
Nota: 8.2/10
Review por António Rodrigues