Por curioso que possa parecer, é muitas vezes já na reta final do ano que surgem alguns dos melhores trabalhos discográficos. 2022 parece não ser exceção e este Warehouse Of Erratic Souls parece vir confirmar isso mesmo.
Oriundos do Algarve, os Scars Of Logic dão-se a conhecer ao público com um trabalho de grande categoria. Atente-se que este é o álbum de estreia deste projeto que nasceu apenas há três anos, mas que revela maturidade suficiente para apresentar um trabalho com esta qualidade. Falamos de prog-metal, um género que, como sabemos, se não for realmente bom, corre o risco de se tornar chato e aborrecido para quem o ouve. Os Scars Of Logic não deixaram que isso acontecesse. Ao longo dos seis temas que compõe este trabalho, somos convidados a fazer uma viagem de quase 50 minutos onde a paisagem é sempre bela e nunca entediante, nem mesmo quando chegamos ao último tema, “Dromomania”, que mesmo dividida em quatro partes, não deixa de consumir 19 desses minutos.
O segredo para o sucesso parece assentar no curioso trabalho de composição dos temas. Todos eles foram escritos por duas mentes criativas com influências e visões muito opostas no que diz respeito a gostos musicais. A mistura de géneros é percetível ao longo de todo o álbum e o resultado leva a que os singles de Warehouse Of Erratic Souls surjam naturalmente. Primeiro foi “When the Dreams Die”, seguido de “Question Day” (tema inicial deste trabalho) e mais recentemente “Conveyer of Brutality”.
Muito bom a nível instrumental, como se deseja neste estilo musical, temos de realçar, no entanto o trabalho das guitarras de Francisco Caramelo e Pedro Neves, pois são preponderantes para a qualidade final obtida. A voz de Bruno Keni não vai rebentar com os tímpanos de ninguém, mas mostra ser a adequada para os Scars Of Logic.
Feito para agradar aos apreciadores de música mais trabalhada e não só, Warehouse Of Erratic Souls tem tudo para ir mais além, podendo ser uma boa rampa de lançamento para este trio algarvio. Eles apostam nisso e talvez tenha sido por essa razão que convidaram Sebastian Has (engenheiro de som dos Behemoth) para fazer a mistura e masterização do álbum.
Nota: 8.7/10
Review por António Rodrigues