O Porto celebrou a vinda de uma das mais icónicas bandas brasileiras - senão a mais icónica e importante do país irmão - Sepultura, que viajou até ao nosso país para um concerto único e esgotado! Esse concerto, inseriu-se na “Quadra Tour Europe 2022”, tour de apresentação do álbum “Quadra” de 2020, cuja promoção apenas foi possível efetuar agora, devido ao surgimento da pandemia.
Tal como o Andreas Kisser, guitarrista dos Sepultura disse: “Hoje é dia de celebrar o Heavy Metal e a Vida!”. A sala 1 do Hard Club acolheu o público portuense saudoso por mais uma noite com um cartaz de luxo.
Às 19:10, diretamente de New Orleans, Estados Unidos, os Crowbar apresentarem-se em palco. Tommy, com batidas fortes e rápidas, introduz a primeira música: “Conquering”, do álbum de 2006, “Broken Glass”. Guitarras super-rápidas e muitas vezes Doomy, um som fabuloso. A voz de Kirk, muito poderosa, ideal! Este agradeceu a oportunidade, aos Sepultura e aos Sacred Reich, indicando ainda que adorou a cidade e que esteve um tempo fabuloso, para conhecer a cidade, o que fez com o que o público agradecesse com uma grande salva de palmas. Logo após o aquecimento, passaram para a segunda música: “I Feel the Burning Sun”, de “Equilibrium” do ano de 2003, que foi recebida com muito headbanging e moshpit. Com as coisas a aquecerem, via-se estampada no rosto destes veteranos a alegria e apreço pelo seu público. O vocalista salienta o fato de já ter passado muito tempo desde a última passagem pelo nosso país e questiona aos presentes, se não se importam que toquem um tema do seu mais recente álbum (“Zero and Below”). Com a reposta obviamente positiva o grupo apresentou o tema “Bleeding From Every Hole”. Shane abre a música, com o seu solo de baixo, seguido de bateria e guitarra de Matt. Seguiram-se os temas “To Build a Mountain”, “The Cemetery Angels”, “Chemical Godz” e “All I Had (I Gave)”. Após vários agradecimentos, os Crowbar encerram o espetáculo em beleza – e acompanhado de muito moshpit - com “Like Broken Glass”.
Depois de um aquecimento de luxo com Crowbar, seguram-se os Sacred Reich. Riffs poderosos, de guitarra, acompanhados por uma bateria explosiva de Dave McClain, foram o mote para a primeira música: “Divide & Conquer”. Seguiu-se “The American Way”. Phil Rind, baixista e vocalista, estava bastante sorridente e agradeceu aos presentes com um “obrigado”, num português impecável. Diz que a cidade é fantástica, o tempo esteve fantástico e que se soubesse mais cedo, não esperava 35 anos para vir a Portugal, com a banda! Tudo isso, fez com que os fãs agradecessem com bastantes palmas. “Manifest Reality”, de Awakening, é a próxima e Phil explica o conceito da mesma. Diz que se quisermos mudar a realidade, temos de começar por nós mesmos. Sábias palavras, que mereceram uma enorme saudação! Seguiram-se “Who’s to Blame”, “Killing Maching”, “Awakening”, “Independent”,“Salvation”. O concerto terminou da melhor forma, com “Surf Nicaragua”. Este foi, sem dúvida, uma das melhores bandas da noite, que cativou pela simpatia, profissionalismo e muito boa música. Não demorem mais 35 anos a regressar ao nosso país!
Agora, o momento pelo qual os fãs estavam à espera: Sepultura! O concerto começou às 21:30, com “Polícia” dos Titãs. Surgem as primeiras batidas de bateria que introduzem “Isolation”, pertencente a “Quadra” de 2020. Cedo revisitaram o álbum “Chaos A.D”, de 1993 com “Territory”, ao qual Derrick apresenta e diz: “This is your fucking Territory”. Eloy na bateria e Andreas na guitarra, foram as estrelas principais neste tema. Sem dúvida, uma música que faz lembrar o território brasileiro e as suas raízes indígenas. De volta a “Quadra” com “Means To An End”que arrancou muito crowdsurfing, headbanging e mosh. Derrick, estava muito comunicativo e sempre a saltar no palco. Batidas tribais, introduzem “Capital Enslavement”, a música mais rápida do novo registo de originais. O público fica cada vez mais louco a cada música: muito crowdsurfing e mosh! Andreas juntamente com Eloy, num momento de cumplicidade, introduzem “Kairos”. Derrick pede palmas ao público, o qual é correspondido! “Boa noite, Porto! Puta que pariu! Como é bom estar de volta! Estamos aqui hoje para celebrar o Heavy Metal e a Vida!”, gritou Andreas Kisser. “Há pessoal da velha guarda aqui hoje? Quero ver os punhos no ar”, ordenou Derrick. Seguia-se assim “Propaganda”. “Guardians of Earth”, “Last Time” e “Cut—Throat” foram os temas que se seguiram. Quando nada o fazia prever, no meio do concerto, ouve-se: “Bolsonaro, vai tomar no cu!”. Andreas, Eloy e Paulo riem-se, apoiam o que foi dito e fazem um manguito, devido ao ex- Presidente do Brasil e o que se tem passado no país. Após “Dead Embryonic Cells”, “Machine Messiah”, “Infected Voice” e “Agony of Defeat”, Derrick pergunta o ao público se está cansado, o qual responde de imediato que não! Seguiu-se então “Refuse/Resist”. Após uma breve pausa para recuperar o fôlego, na qual o vocalista aproveitou e agradeceu às bandas que os têm acompanhado nesta tour, seguiu-se uma belíssima tríade de temas sempre a abrir: “Arise”, “Ratamahatta” e “Roots Bloody Roots”.
Aposta ganha pela organização, que decidiu agarrar a tour de uma das maiores bandas do Metal mundial e fazê-la passar por um dos espaços mais importantes da Cidade Invicta.
Reportagem por Raquel Miranda
Fotografias por Emanuel Ferreira
Agradecimentos: Prime Artists