Estivemos à conversa com o Joaquim Fernandes, baterista e um dos membros fundadores dos Xeque-Mate. Foram dois dedos de conversa sobre o novo álbum (Não Consigo Manter A Fé), planos para o futuro, o estado da música em Portugal e até alguns arrependimentos. A apresentação do novo trabalho, que vai contar com convidados, ocorrerá no próximo mês e até já há datas. Vai valer a pena estar atento.
M.I. – Antes de mais, gostava de te dizer que é um prazer enorme poder entrevistar um dos membros fundadores da mais antiga banda de metal nacional. Tendo em conta toda a vossa experiência, como é que avalias o cenário atual no nosso país? Bandas, locais para tocar, imprensa…
O panorama nacional poderia e deveria estar melhor, principalmente no que diz respeito à divulgação do que se faz e locais para apresentar toda essa veia criativa. Quanto aos autores / bandas, estamos bem, muitas e boas, outras nem por isso.
M.I. – Foi notícia recentemente que o Metal Point pode ser forçado a encerrar funções. Seria um rude golpe para as bandas do norte do país, concordas?
Claro que sim, precisamos que portas se abram e não que se fechem. Lamentamos e gostávamos de fazer alguma coisa para que situações destas não acontecessem, mas o quê?
M.I. – No que diz respeito aos vossos trabalhos, podemos concluir que os Xeque-Mate não são das bandas mais produtivas. A qualidade está lá, mas três álbuns em quarenta anos é manifestamente pouco. Queres explicar um pouco o porquê desta situação?
Tocas num ponto que a mim me deixa mesmo frustrado. 3 registos em 40 anos é mesmo muito pouco, mas estivemos 27 anos completamente parados. Só de pensar o que poderíamos ter feito e não fizemos, deixa-me mesmo angustiado. Tenho a certeza de que o talento do António Soares mais a maneira de arranjo na composição que sempre caracterizou a banda, teria dado mesmo muito ao Rock português.
M.I. – “Não Consigo Manter a Fé” é o nome do novo álbum. Está-vos a faltar a fé em relação a quê?
Falta-nos a Fé em relação a quase tudo, política, religião, meio ambiente, relação humana. Sabes cada vez gosto mais da minha cadela.
M.I. – “Quase Esqueci a Tua Cara”, o single de avanço, é um tema muito bom que até teve direito a vídeo clip. Podemos contar com mais músicas com esta qualidade no novo disco?
Este novo álbum, para nós é uma pequena enciclopédia de Rock, conseguimos inovar em alguns temas e noutros mantivemos a fórmula Xeque-Mate. Esperamos conseguir esse Feedback das pessoas que nos vão ouvir e ver.
M.I. – Como surgiu a possibilidade de a Rute Fevereiro participar neste tema?
A Rute surge por 2 motivos, a letra da música necessitava de uma voz feminina, forte e experiente, a Rute tem isso. Por outro lado, os cerca de 300 Kms que separam o Porto de Lisboa, tem marcado negativamente, em muitas vertentes, a música não é exceção, ao termos a Rute connosco é uma prova de que essa distância pode ser bem mais curta.
M.I. – Mais de mil visualizações em apenas vinte e quatro horas é um sinal muito positivo. Surpreendeu-vos?
O tema Quase Esqueci a Tua Cara é um tema muito forte, estamos convictos que podemos chegar ainda mais longe com este e outros temas do álbum
M.I. – É sabido que vão acompanhar os The Yellow Dog Conspiracy em algumas datas, uma delas, no RCA, que vai servir para apresentarem o vosso novo álbum. Esperam um ano de 2023 com muitos concertos?
Olha mais um bom exemplo de que pudemos encurtar os tais 300 kms. No passado já tínhamos pensado nesta situação, 2 concertos com uma banda de Lisboa, um no Porto outro lá. Os Yellow convidaram e olha, cá vamos nós, concretizar um dos nossos objetivos. No RCA iremos apresentar o nosso novo álbum, e a 17/12 no CCOP no Porto. Vamos fazer uma grande festa, teremos connosco os Lyzzard que também vão apresentar um novo álbum e ainda a presença de convidados especiais. Filhos do Metal não percam este concerto. Obrigado aos Yellow Dog Conspiracy pelo convite. Queremos que 2023 seja um ano de viragem da banda no que diz respeito a concertos. Vamos ver.
M.I. – Desejo-vos muita sorte para este novo trabalho. Querem deixar algumas palavras aos nossos leitores que se identificam com a vossa música?
Esperemos que gostem deste novo álbum, tanto ou mais que nós. Um pedido, estejam, ainda mais, ao lado das bandas portuguesas. Obrigado à Metal Imperium pela oportunidade. Até breve.
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Entrevista por António Rodrigues